Joana, carregando na cabeça um balde de leite, dirigia-se rapidamente
para a aldeia. A fim de andar mais depressa, tinha posto uma roupinha ligeira e
sapatos bem cômodos.
Ia leve como o vento. Em seu pensamento, já estava vendendo o leite e
empregando o dinheiro.
– Compro cem ovos e ponho a chocar. Posso muito bem criar pintos ao
redor da casa. Quando crescerem, vendo todos e tenho um bom lucro. Com esse
dinheiro,
compro um leitãozinho. Em pouco tempo, terei um porco bem gordo, pois só
comprarei se o leitão já for gordinho. Cobro um bom preço pelo porco e compro
uma vaca. Terá que vir acompanhada de seu bezerrinho. Será uma graça vê-lo
saltar pelo quintal.
Joana entusiasmada, saltou também. O balde caiu da sua cabeça, e o leite
derramou-se no chão. Adeus bezerro, vaca, porco, leitão, ninhada de pintos!
A pobre Joana voltou para casa, com medo que o marido brigasse com ela.
– É fácil fazer castelos no ar, pensava. Nada mais gostoso. Na minha
imaginação posso virar rainha, usar uma coroa de diamantes e ter súditos que me
adorem. Nada disso dura muito: uma coisa à-toa acontece, e volto a ser Joana
Leiteira.
(GÄRTNER, Hans &
ZWERGER, Lisbeth. 12 fábulas de Esopo. Trad. ALMEIDA, Fernanda Lopes de.
7. ed. Rio de Janeiro: Ática, 2003).
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