ERA UMA VEZ um casal que
não tinha filhos. A mulher tanto pediu a Nossa Senhora que lhe desse um filho,
ainda que fosse do tamanho de um grão de milho, que ao fim de nove meses ela
pariu um filho, mas tão pequeno, tão pequeno, que era mesmo do tamanho de um
grão de milho. Foi-se passando tempo e o pequeno não crescia nada, de sorte que
ficou sempre do mesmo tamanho.
O pai era lavrador e, quando andava a trabalhar no campo, era o Grão de Milho que lhe ia levar o jantar numa cesta; mas, como era tão pequeno, ninguém o via o que fazia correr aquela cesta pela rua abaixo. O pai recomendava-lhe que não se chegasse para o pé dos bois, mas uma vez que ele tinha ido levar o jantar ao pai, a brincar trepou para cima de uma folha de milho e um dos bois, pensando que era um grão de milho, lambeu-o com a língua.
O pai era lavrador e, quando andava a trabalhar no campo, era o Grão de Milho que lhe ia levar o jantar numa cesta; mas, como era tão pequeno, ninguém o via o que fazia correr aquela cesta pela rua abaixo. O pai recomendava-lhe que não se chegasse para o pé dos bois, mas uma vez que ele tinha ido levar o jantar ao pai, a brincar trepou para cima de uma folha de milho e um dos bois, pensando que era um grão de milho, lambeu-o com a língua.
O pai quando quis voltar
para casa, por mais que o procurasse não deu com ele, mas tanto chamou que por
fim ouviu responder que o boi o tinha comido e estava dentro da tripa. O pai
ficou muito aflito e matou logo ali o boi e começou a procurá-lo nas tripas,
mas por mais que procurasse não o encontrou, até que deixou ficar tripas e
tudo. De noite um lobo, atraído pelo cheiro da carne, veio e comeu as tripas do
boi, e deitou. O lobo teve umas grandes dores de barriga e o Grão de Milho
começou a gritar-lhe:
- C... aí, c... aí!
Mas o lobo, ouvindo isto teve tanto medo que
mais fugia e não podia obrar. O Grão-de-Milho continuava a gritar:
- C... aí, c... aí!
O lobo
tão atrapalhado se viu que fez as suas necessidades.
O Grão de Milho logo que
saiu para fora, lavou-se muito bem lavado numa pocinha que ali estava e foi por
ali fora. No meio caminho encontrou uns almocreves que levavam os machos carregados
de dinheiro. De repente, saltam uns ladrões, matam os almocreves e levam os
machos com o dinheiro para uma casa que havia nuns pinherais. O Grão de Milho,
como ia metido numa alforges, foi também sem ser pescado. Os ladrões despejaram
o dinheiro em cima de uma grande mesa e começaram a contá-lo. O Grão de Milho
pôs-se debaixo da mesa e começou a gritar:
- Quem dá dé-reis, quem
dá dé-reis!
Os ladrões, assim que ouviram isto, tiveram
tanto medo que deixaram a fugir. Então o Grão de Milho ensacou o dinheiro, pôs
em cima dos machos e foi para casa.
Quando lá chegou, era
ainda de noite e bateu à porta. O pai perguntou: - Quem está aí?
Ele respondeu:
- Sou eu, meu pai; abra
depressa.
O pai veio logo abrir a porta e o Grão de Milho
contou-lhe então tudo, entregou-lhe os machos e o dinheiro e o lavrador, que
era pobre, ficou muito rico.
COELHO, Adolfo. Contos populares portugueses. 5. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1999. pp. 181-182.
COELHO, Adolfo. Contos populares portugueses. 5. ed. Lisboa: Dom Quixote, 1999. pp. 181-182.
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