Autor: Elza Fraga
Ela foi uma criança criativa, uma adolescente perigosa.
Virou uma adulta mentirosa.
Tinha duas escolhas na vida:
Escrever livros, contando as histórias que inventava da vida de amigos, parentes, vizinhos e afins, e fazer uso das suas mentiras próprias; ou virar atriz e viver as mentiras alheias, sem ter que sair machucando Deus e o mundo e mais um pedaço, melhor de tudo, sem sentir culpa no cartório.
Talento pouco na arte de escrevedora e de intérprete, e muito pra invencionices oralmente fantasiosas, nem escreveu o livro, nem virou atriz.
Virou foi uma bulímica da melhor qualidade.
Vomitava as mentiras mal digeridas como quem vomita a folha de alface do almoço.
Ficou anoréxica a bichinha...
Não lhe parava mais nem uma mentirinha, das pequenas sequer, no estômago!
E definhava a olhos vistos sem que se pudesse fazer nadica por ela.
Todos se surpreendiam com a rapidez que criava mentiras novas pra colocar no lugar das vomitadas...
Era a ânsia de prender a vida, que lhe escapava pelas paredes da garganta, nos dedos.
Moribundou jovem, coitada!
Mas continuou a andar por aí, a se encher de ar e de invencionices, sofregamente.
O corpo ainda se locomovia, feio, curvado ao peso das mentiras, olhos fundos na face cadavérica...
Mais se arrastava do que caminhava, mas ia em frente.
Até que num dia chuvoso uma mentira, das grandes, se lhe entalou na garganta, não conseguia descer goela abaixo nem por decreto...
Ficou roxa , perdeu o ar, esverdeou-se, se foi de vez!
Até hoje perguntam de que partiu a tal moça, nessa mania que o povo tem de achar que todo cadáver tem que ter causa mortis.
Respondo que morreu de mentira grande demais pra ser engolida.
Sabe que ninguém me acredita?!
Ela foi uma criança criativa, uma adolescente perigosa.
Virou uma adulta mentirosa.
Tinha duas escolhas na vida:
Escrever livros, contando as histórias que inventava da vida de amigos, parentes, vizinhos e afins, e fazer uso das suas mentiras próprias; ou virar atriz e viver as mentiras alheias, sem ter que sair machucando Deus e o mundo e mais um pedaço, melhor de tudo, sem sentir culpa no cartório.
Talento pouco na arte de escrevedora e de intérprete, e muito pra invencionices oralmente fantasiosas, nem escreveu o livro, nem virou atriz.
Virou foi uma bulímica da melhor qualidade.
Vomitava as mentiras mal digeridas como quem vomita a folha de alface do almoço.
Ficou anoréxica a bichinha...
Não lhe parava mais nem uma mentirinha, das pequenas sequer, no estômago!
E definhava a olhos vistos sem que se pudesse fazer nadica por ela.
Todos se surpreendiam com a rapidez que criava mentiras novas pra colocar no lugar das vomitadas...
Era a ânsia de prender a vida, que lhe escapava pelas paredes da garganta, nos dedos.
Moribundou jovem, coitada!
Mas continuou a andar por aí, a se encher de ar e de invencionices, sofregamente.
O corpo ainda se locomovia, feio, curvado ao peso das mentiras, olhos fundos na face cadavérica...
Mais se arrastava do que caminhava, mas ia em frente.
Até que num dia chuvoso uma mentira, das grandes, se lhe entalou na garganta, não conseguia descer goela abaixo nem por decreto...
Ficou roxa , perdeu o ar, esverdeou-se, se foi de vez!
Até hoje perguntam de que partiu a tal moça, nessa mania que o povo tem de achar que todo cadáver tem que ter causa mortis.
Respondo que morreu de mentira grande demais pra ser engolida.
Sabe que ninguém me acredita?!
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