— Consegues identificá-la? —
pergunta o pai.
Judite observa cada uma das
crianças.
— Esta aqui, na segunda fila, deve
ser a avó.
— É — diz a mãe. — Esta é a avó. A
menina com as duas tranças grossas, de que tanto se orgulhava em criança.
— Quantos anos tem esta fotografia
de turma? — pergunta Judite.
— Deve ter sido tirada há cerca de
sessenta anos — diz o pai. — No quinto ano.
A criança que ali está, com uma cara
tão séria, era a sua mãe.
— Aqui tens a avó na comunhão
solene.
Tem um ramo de tulipas nas mãos e um
vestido preto. E sempre as duas tranças grossas.
— E aqui o avô e a avó vão numa
bicicleta de dois lugares — diz o pai a rir. — Estavam muito apaixonados.
A mãe aponta para a cabeça da avó.
— As tranças desapareceram. Agora
usa o cabelo curtinho. Estava na moda.
Nas páginas seguintes do álbum,
Judite vê fotografias do casamento do avô e da avó. E pouco depois descobre uma
fotografia do pai em bebé ao colo da avó.
— Tu és muito parecida com o bebé em
bebé — diz a mãe a rir. — Olha, Judite, esta és tu. A avó está toda orgulhosa
por ser avó.
A avó foi enterrada há dez dias.
Pela primeira vez, Judite viu o pai
a chorar e o avô também, que agora vai mudar-se para um lar de Terceira Idade.
Judite olha para a última fotografia
da avó. É no 75º aniversário do avô e ela está rodeada por Migas, Eva e Judite,
os três netos.
— Foi uma festa muito bonita — diz o
pai.
— A avó continua a viver — diz a mãe
— não nas fotografias mas nos filhos, nos netos, nos bisnetos e trisnetos… e na
nossa memória.
Traduzido e adaptado
Max Bolliger
30 Geschichten zum Verschenken
Lahr, Verlag Ernst Kaufmann, 1991
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