A casa amarela







Em dias distantes,
Alegres, ruidosos,
Vivi nessa casa
Tão belos instantes!
Oh! Lembro-me bem
Da casa amarela,
Bem longa e comprida,
Em forma de trem.
E a gente, criança,
Correndo e gritando.
Um mundo de sonhos
Ficou na lembrança…
O som das risadas,
Dos choros também.
As flores colhidas,
Em fartas braçadas,
Deixaram perfumes
Gravados em mim.
Guardei borboletas,
Guardei vagalumes:
Lembranças queridas
Que eu trouxe de lá.
— Retalhos de sonhos,
Pedaços de vidas!

Mamãe nos chamando,
Com voz muito aflita.
As suas palavras
Estou escutando:
—  “Olá, criançada,
É hora da missa!”
— “É hora da escola!”
E a gente apressada,
Saía correndo,
Ouvindo o barulho
Do bonde que vinha
Nos trilhos, gemendo.

E agora, a saudade,
Em forma de um eco,
Vem, massa e distante,
Contar-me a verdade:
A casa amarela
Mudou de cor.
Perdeu seu encanto,
Não é mais aquela!
Mas dentro de mim,
A minha saudade
Em tom de balada
Cantando ficou:
— “A benção, mamãe!
A benção, papai
É tarde  eu já vou!”
Ai doce saudade
Da casa amarela!
Adeus, criançada!
É tarde… eu já vou!…


Marília F.Maciel

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