Fecha os olhos e
imagina-te num parque. Mas, espera! Este é um parque onde tudo está em desordem
e parece que ninguém cuida dele. Achas que alguém brinca neste parque? Vamos
ver se descobres! Pega na tua lanterna mágica e segue pelo Caminho Encantado.
Onde irá levar-te esta noite?
A lua está clara e
brilhante e as estrelas cintilam por cima de ti. Vês uma grande confusão de
heras enroladas que se arrastam pelos muros desfeitos à volta do parque.
Plantas com aspeto gasto crescem entre as pedras partidas do pavimento e o lago
está todo sujo e castanho. No fim do caminho vês uma estátua. Diriges-te até
ela.
A estátua
representa uma mulher vestida com roupa antiga. Tem um vestido comprido e um
grande chapéu de pedra que aperta debaixo do queixo. Numa mão segura um cesto raso
de jardim. A pedra em que foi esculpida ficou castanha com o tempo e há musgo a
crescer por todo o lado. Por baixo da estátua está escrito: VIOLETA DICKINSON:
JARDINEIRA: 1810-1895.
O rosto da mulher
tem uma expressão bondosa e quando a fitas parece que te sorri. Olhas e logo
voltas a olhar. Para teu espanto, os seus olhos começam a piscar e as suas
faces passam lentamente de pedra a cor-de-rosa. Um por um, os seus dedos
começam a mexer, depois os braços, a seguir as pernas. A estátua ganha vida! O
vestido de pedra está a transformar-se em roupa verdadeira. Agora ela tira o
chapéu — é de palha e já não de pedra! — e afasta o musgo. Olha cá para baixo,
para ti, e volta a sorrir.
— Olá — diz ela — o
meu nome é Violeta. E tu, como te chamas?
De seguida, salta cá para baixo.
De seguida, salta cá para baixo.
— Não creio que me
vás ajudar hoje, pois não? Tenho muito trabalho.
Deve ser trabalho
duro, pensas tu. Em vez disso, talvez pudesses apenas passear pelo parque.
— Ah, entendo — diz
a Violeta. — Deves preferir ir brincar.
Olhas para a sua
cara — parece desiludida. Afinal, talvez nem seja assim tão mau ajudá-la.
Então, vão juntos
pelo caminho até uma antiga cabana.
— Espera aqui — diz
Violeta, enquanto entra. Um pouco mais tarde volta a aparecer, trazendo consigo
um grande saco de ferramentas. Passando por um arco coberto de rosas cheirosas,
leva-te até uma parte do parque que ainda não tinhas visto. Aqui o jardim está
bonito e cuidado.
— Adoro este parque
— diz a Violeta. — É a minha casa e quero que fique tão bonita como quando eu
era criança. Para isso esforço-me todas as noites. Isto foi o que consegui até
agora. Mas ainda há muito por fazer. Vem, vou mostrar-te.
Juntos voltam à parte em ruínas do parque. Aqui a Violeta tira as ferramentas do saco. Há utensílios para escavar, para tirar ervas daninhas e plantar, para aparar e para cortar. Para tua surpresa há latas de tinta e alguns pincéis também.
Juntos voltam à parte em ruínas do parque. Aqui a Violeta tira as ferramentas do saco. Há utensílios para escavar, para tirar ervas daninhas e plantar, para aparar e para cortar. Para tua surpresa há latas de tinta e alguns pincéis também.
Rapidamente,
Violeta começa a arrancar as ervas daninhas, voltando a deixar os caminhos
descobertos e a revolver a terra com o seu grande ancinho. Ajudas passando-lhe
os utensílios de que precisa e colocando de volta no saco os que já foram
usados. Alguns ficaram bastante sujos mas, assim que os colocas no saco, voltam
a ficar brilhantes e novos.
Agora Violeta abre
um saco de sementes. Juntos, põem-se de joelhos e espalham-nas pela terra. De
cada semente que toca na terra cresce rapidamente uma planta com folhas verdes
e um botão que desabrocha dando origem a mais bela flor. Rapidamente a terra
fica cheia de alegres flores.
De seguida, Violeta
caminha até ao lago sujo e castanho. Tira uma garrafa do seu saco, abre a tampa
e deita um líquido prateado na água. Num jorro e gorgolejo, a água começa a
borbulhar. Depois passa a azul-clara. Uma família de patos vem a nadar dos
juncos e mergulha feliz na água limpa.
Agora Violeta
leva-te até ao parque infantil, onde todos os balanços estão quebrados e
enferrujados. Ela pede-te que vás buscar um balanço à cabana. Mas será que o
consegues levantar? Não será demasiado pesado para ser transportado? Mas
apercebes-te de que é leve como uma pena.
Quando voltas,
todos os balanços estão brilhantes e novos. Ajudas Violeta a colocar o novo balanço
no meio. Depois, juntos, afastam-se e admiram o novo parque infantil. É o
melhor parque infantil que já alguma vez viste na tua vida.
— As crianças vão
adorar brincar aqui! — diz Violeta, enquanto o céu começa a clarear e a noite
dá lugar ao dia. Regressa depressa para a cabana, o seu trabalho está feito.
Volta a subir ao seu pedestal e olha em redor, feliz.
— Está tudo tão bonito!
— diz ela com orgulho. Volta, então, a ser de pedra.
A sua cara, pernas e mãos endurecem e transforma-se novamente numa estátua. Olhas pela última vez para o que fizeram juntos. Então, sais do parque sem fazer barulho, nas pontas dos pés. Talvez voltes um dia para visitar Violeta e brincar no novo e resplandecente balanço do parque infantil.
A sua cara, pernas e mãos endurecem e transforma-se novamente numa estátua. Olhas pela última vez para o que fizeram juntos. Então, sais do parque sem fazer barulho, nas pontas dos pés. Talvez voltes um dia para visitar Violeta e brincar no novo e resplandecente balanço do parque infantil.
Anne Civardi, Joyce
Dunbar, Kate Pety, Louisa Somerville
Dorme Bem
Lisboa, Editorial Estampa, 2008
Dorme Bem
Lisboa, Editorial Estampa, 2008
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