Ilustração: Joana Lira
Era
um jovem pescador muito pobre, que vivia sozinho numa praia distante.
Tinha um pequeno barco em que saía à noite para pescar e, no dia
seguinte, vendia os peixes no povoado mais próximo. Certa vez uma onda
enorme tragou o barquinho, mas, na manhã seguinte, acordou em sua
cabana miserável e viu que tudo era como sempre tinha sido. Veio à sua
lembrança uma bela moça que o socorrera em meio às águas e o carregara
para seu palácio no fundo do mar. Nesse momento, riu de si mesmo e
disse alto:
- Você sonhou com a Mãe D’Água. Foi só.
Levantou-se para ir tomar água, sua garganta queimava de sede. Quando ergueu a caneca para beber viu um anel brilhando em seu dedo.
- Que é isso?
De repente se lembrou de uma cerimônia em que ele recebera aquele anel, no palácio no fundo do mar.
Uma coisa dessas não podia ter acontecido. Mas o anel continuava um mistério.
Em seguida sentiu uma dúvida terrível: e se estivesse morto?
O jeito era se olhar no espelho, pois ouvira contar que fantasmas não refletem imagem. Claro que era tão pobre que nem tinha espelho em casa.
E se quando fosse vender o peixe no povoado, se olhasse no espelho da barbearia?
Será que tinha pescado alguma coisa? Só se lembrava daquela onda gigante que engolira seu barco. Correu até a praia e não viu o barco. Quem estava lá era a linda moça que o salvara na hora do naufrágio.
Ela sorriu e disse:
- Você não quis ficar na minha casa, vim morar na sua, afinal agora somos casados. Disse isso e estendeu a mão para ele.
Ele viu então que ela usava um anel igual ao que brilhava em seu dedo.
Respondeu:
- Venha.
Caminharam abraçados e, ao chegarem ao lugar onde ficava a cabana, ela não existia mais. Lá, agora, erguia-se um palácio e havia gente entrando e saindo.
A moça disse:
- É o meu povo das águas.
De repente, ele notou que estava vestido com roupas luxuosas em vez dos trapos de antes.
Sem dúvida a Mãe D’Água o escolhera para marido e não havia força humana que pudesse mudar isso.
Viveram felizes por algum tempo. Mas, se ele não tinha gostado de morar no palácio no fundo do mar, ela começou a se cansar de viver em terra firme.
Ficava horas diante do mar rodeada por seu povo das águas. O palácio permanecia abandonado. Ninguém cuidava de nada, tudo era deixado na maior desordem.
Um dia ele pronunciou as palavras fatais que ela o proibira de dizer em qualquer circunstância.
- Arrenego o povo do mar!
Era o que todos esperavam para voltar às profundezas do oceano. Suas palavras valeram como sinal para a debandada.
A moça e todos os serviçais foram cantando para dentro do mar e sumiram nas águas.
O pescador olhou para si mesmo e viu que suas roupas de luxo também tinham sumido. Estava outra vez vestido de trapos. Quando voltou para casa, só encontrou o casebre de antes, não havia nem rastro de algum palácio.
Ao entardecer, sentiu saudades da Mãe D’Água e foi até a beira da praia. Lá estava seu velho barquinho, antes desaparecido. O pescador entrou nele e tomou o rumo do quebra-mar.
De repente uma grande onda o envolveu e seu pensamento foi:
- Será que tudo vai acontecer de novo?
- Você sonhou com a Mãe D’Água. Foi só.
Levantou-se para ir tomar água, sua garganta queimava de sede. Quando ergueu a caneca para beber viu um anel brilhando em seu dedo.
- Que é isso?
De repente se lembrou de uma cerimônia em que ele recebera aquele anel, no palácio no fundo do mar.
Uma coisa dessas não podia ter acontecido. Mas o anel continuava um mistério.
Em seguida sentiu uma dúvida terrível: e se estivesse morto?
O jeito era se olhar no espelho, pois ouvira contar que fantasmas não refletem imagem. Claro que era tão pobre que nem tinha espelho em casa.
E se quando fosse vender o peixe no povoado, se olhasse no espelho da barbearia?
Será que tinha pescado alguma coisa? Só se lembrava daquela onda gigante que engolira seu barco. Correu até a praia e não viu o barco. Quem estava lá era a linda moça que o salvara na hora do naufrágio.
Ela sorriu e disse:
- Você não quis ficar na minha casa, vim morar na sua, afinal agora somos casados. Disse isso e estendeu a mão para ele.
Ele viu então que ela usava um anel igual ao que brilhava em seu dedo.
Respondeu:
- Venha.
Caminharam abraçados e, ao chegarem ao lugar onde ficava a cabana, ela não existia mais. Lá, agora, erguia-se um palácio e havia gente entrando e saindo.
A moça disse:
- É o meu povo das águas.
De repente, ele notou que estava vestido com roupas luxuosas em vez dos trapos de antes.
Sem dúvida a Mãe D’Água o escolhera para marido e não havia força humana que pudesse mudar isso.
Viveram felizes por algum tempo. Mas, se ele não tinha gostado de morar no palácio no fundo do mar, ela começou a se cansar de viver em terra firme.
Ficava horas diante do mar rodeada por seu povo das águas. O palácio permanecia abandonado. Ninguém cuidava de nada, tudo era deixado na maior desordem.
Um dia ele pronunciou as palavras fatais que ela o proibira de dizer em qualquer circunstância.
- Arrenego o povo do mar!
Era o que todos esperavam para voltar às profundezas do oceano. Suas palavras valeram como sinal para a debandada.
A moça e todos os serviçais foram cantando para dentro do mar e sumiram nas águas.
O pescador olhou para si mesmo e viu que suas roupas de luxo também tinham sumido. Estava outra vez vestido de trapos. Quando voltou para casa, só encontrou o casebre de antes, não havia nem rastro de algum palácio.
Ao entardecer, sentiu saudades da Mãe D’Água e foi até a beira da praia. Lá estava seu velho barquinho, antes desaparecido. O pescador entrou nele e tomou o rumo do quebra-mar.
De repente uma grande onda o envolveu e seu pensamento foi:
- Será que tudo vai acontecer de novo?
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