A cozinha da Bruxinha




Era dia de festa. Giselda chamou a bruxarada para se reunir em sua casa, que ficava numa montanha bem alta. E festa em casa de bruxa já se sabe como é: muita comida, poções mágicas e principalmente muita música e alegria!
As crianças não perderam tempo e foram para floresta chamar os seus amiguinhos encantados. O gnomo Imp, conhecido como amigo das crianças não pensou duas vezes e aceitou o convite.
- Vai haver pudim de nuvem? – perguntou já com água na boca.
Dadinha, a bruxinha filha de Giselda, respondeu com orgulho:
- Mas é claro, que vai haver pudim de nuvem; eu mesma fiz!
Imp, o gnomo, torceu o nariz e disse:
- Quando esta bruxinha entra na cozinha… sai de baixo, que lá vem raio!
Todas as crianças riram, mas a bruxinha Dadinha não gostou. Ficou triste, quase a chorar, pois tentava ser igual à sua mãe, Giselda, que cozinhava pratos maravilhosos da culinária mágica das bruxas – receitas que ela aprendera com sua mãe, que aprendeu com sua avó…
Mas tudo bem, era festa. As crianças voltaram para a casa da montanha. Era um corre, corre, um zumzumzum… havia até banda de música fazendo a maior animação!
O almoço foi servido numa grande mesa, no jardim. Era um verdadeiro banquete. Fazia um dia maravilhoso, o sol estava dourado como um pingo de ouro, e o céu tão azul… O prato principal era arroz com ervas perfumadas e frango, regado com néctar das flores. Para acompanhar, farofa de pó de estrela, que Giselda apanhou do céu na noite anterior, quando passeava na sua vassoura.
Os convidados comeram que se lambuzaram; tudo tinha um gosto de “quero mais!”. Todos agradeceram ao deus e à deusa pelo dia maravilhoso e ensolarado, pelo alimento e pela confraternização entre os amigos. E quando todos iam se levantar da mesa:
- Hei, gente, há sobremesa! – gritou Dadinha – Fui eu que fiz. E sozinha!
Todos se entreolharam, porque já conheciam a fama da bruxinha. Ela até tinha boa vontade, mas não tinha mão para a cozinha… os cozinhados das bruxas têm que ter concentração! É necessário mentalizar as palavras certas, medir bem os ingredientes e ter muita, mas muita, paciência! E Dadinha não era nada paciente, apesar de ser muito encantadora.
Mas todos tiveram uma grande surpresa! A menina trouxe o grande prato de pudim de nuvem, todos ficaram com água na boca só de olhar!
- Que bela aparência! – comentou um garoto.
- Deve estar delicioso! – pensaram outros.
A bruxinha, orgulhosa, deu a primeira fatia à sua mãe, que provou e aprovou! Todos comiam e davam os parabéns à menina, e o pudim estava tão gostoso que se esqueceram que quando se come essa sobremesa feita com nuvens do céu tem que se dizer as palavra mágicas: ”Doce como o mel, que coisa louca, que não se faça chuva no céu da boca”.
Quando um dos convidados se lembrou, já era tarde demais e por causa disso, de repente, o céu fechou, uma grande nuvem negra se formou e uma tempestade forte surpreendeu todos! Ficaram todos molhados!
Mas quem pensou que a chuva acabou com a festa, enganou-se! A banda continuou a tocar e todos dançaram formando uma grande ciranda.
Deste dia em diante, a bruxinha não errou mais nas receitas; só fez comidinhas mágicas bem gostosas e ganhou o título de Mestra Cuca Mirim da Cozinha da Bruxa. Não havia festa para que não fosse convidada, com pedidos para que levasse os seus quitutes. E não houve um só canto daquele mundo encantado que não passasse a conhecer a fama da cozinha da bruxinha!

Adaptado do conto de Anne Glauce Freire publicado em www.virtualbooks.terra.com.br

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