Fui comprada numa loja de cachorros. A mulher entrou e disse:
__Quero uma cachorra caríssima e de raça puríssima, para todo
o mundo achar linda e ficar sabendo quanto é que custou.
E aí ela ficou sendo minha dona e me levou para casa.
Vivia me enchendo de perfume. Eu
espirrava o dia todo e pensava: “puxa vida, se eu sou cachorro, porque é que
não posso ter cheiro de cachorro?”
Vivia me enchendo de roupas e pulseiras, e quando
chovia me botava capa de borracha, lenço na cabeça
e botas. Eu morria de vergonha de sair na rua assim, e pensava: “puxa isso não
é jeito de cachorro andar”. Nunca me deixava solta. Nem um minutinho. “Puxa
vida, cachorro precisa correr. Isso não é vida!” – eu pensava. E a coleira era
sempre tão apertada que me sufocava. Olha aqui a marca, olha só.
Vivia me enchendo de talco e pó-de-arroz, me levava para tomar parte em
concurso de beleza, e hoje, vê se pode, disse que ia furar minhas orelhas para
botar brinco, e isso eu nunca vi cachorro usar.
Então eu pensei: “Puxa vida, quem sabe esse tempo todo eu estou achando que sou
cachorro, mas eu não sou cachorro?...” Foi aí que eu comecei achar que estava
ficando meio birutinha e me apavorei. Quando ela abriu a porta para uma visita
entrar, eu fugi.
Obg por criar essa pagina me ajudou muito!
ResponderExcluirQue bom!!! Fico feliz por isso. Abraços!!!!
ResponderExcluirTelma Soares