PORQUÊ LER ALTO PARA A CRIANÇA?



Segundo todas as pesquisas feitas, ler traz competências acumuladas; quanto mais ler melhor. No entanto, as pesquisas indicam que há um declínio constante da leitura na idade de estudante. No 12º só 19% dos estudantes leem diariamente por prazer.
o nosso objetivo deveria ser criar pessoas que ao longo da vida continuassem a ler para se auto educarem, mas o que a realidade nos mostra, é que muitas vezes criamos leitores de escola, pessoas que leem o suficiente para se licenciarem, mas que praticamente param no dia em que terminam a escolaridade. Isto é uma falha impressionante do sistema.
Em 1983 o U.S. Department of Education criou a sua primeira comissão de leitura para analisar o declínio da leitura. Em 1985 o relatório “Criando uma Nação de leitores” chega ao seguintes resultados:
  • “A atividade individual mais importante para construir o conhecimento necessário para um eventual sucesso na leitura é a leitura em voz alta para crianças. “
  • (ler alto) é uma prática que se deve manter ao longo da escolaridade.
O que é mais importante numa coisa tão simples, é que nem sequer é preciso uma formação superior para que os pais ou os avós façam isto. Ler, só isso.
No caso de nos perguntarmos onde entra a fonética: a fonética faz parte do mecanismo essencial de leitura, a parte da descodificação. A outra parte é o “querer”, a motivação final. Sem o “querer” todo o “como fazer” falha e não vai criar um leitor para a vida. O ler alto é que vai criar o “querer” na criança.
As palavras são os primeiros tijolos da aprendizagem e há apenas duas maneiras eficientes de as fazer chegar ao cérebro: através dos olhos ou dos ouvidos. Antes três ou quatro anos dos olhos serem usados para ler a melhor fonte para a construção do cérebro da criança é através do ouvido. O que enviamos pelo ouvido tornar-se-á o alicerce de sons no cérebro da criança. Estes sons farão com que mais tarde a leitura (através dos olhos) faça sentido.
Lemos alto para a criança pelo mesmo motivo que falamos com ela: para tranquilizar; vincular; entreter; informar; despertar a curiosidade; e inspirar. Mas ler alto vai mais longe que a conversação quando:
  • Cria condições para a criança associar a leitura ao prazer;
  • Cria bases de conhecimento;
  • Enriquece o vocabulário;
  • Fornece um modelo de leitura.
Não é coincidência, o declínio da leitura de lazer nos estudantes mais velhos, esta coincide com decréscimo de tempo usado pelos adultos a ler para eles.
Por volta do ensino médio já ninguém lê para eles.
É igualmente importante perceber que as crianças têm um nível de entendimento da leitura e da audição diferentes. No 4º ano a criança pode entender histórias lidas de 4º ano mas perceber as historias que ouve de um nível superior.

FATOS CIENTÍFICOS A RESPEITO DA LEITURA



Os seres humanos são centrados no prazer

Isto significa que escolhemos comer a comida que gostamos, ouvimos a musica que gostamos e visitamos os amigos que gostamos. Em contrapartida evitamos a comida, a música e as pessoas que nos desagradam. Longe de ser uma teoria, isto é um efeito fisiológico. Aproximamo-nos do que nos dá prazer e afastamo-nos do que nos causa desagrado ou dor.
De cada vez que lemos para a criança estamos a enviar-lhe uma mensagem de prazer para o seu cérebro, induzindo-a a associar os livros ao prazer. Há, contudo desprazer quando a criança associa a leitura à escola. Aprender pode ser enfadonho ou aborrecido, aterrorizador e sem significado – imensas horas de trabalho de casa, horas intensivas de instruções fonéticas, e horas de questionários desconexos. Se uma criança raramente experimenta os prazeres da leitura, e cada vez mais conhece os aborrecimentos dela é natural que a sua reação seja rejeitá-la.
Os últimos 30 anos de pesquisas confirmam esta simples formula- independentemente do sexo, raça, nacionalidade, nível socioeconómico – estudantes que leem mais, leem melhor, atingem um nível mais elevado e permanecem na escola mais tempo.
Um estudo longitudinal da primeira infância (22 000 alunos) concluiu que uma criança do infantário a quem leram pelo menos três vezes por semana tem uma fonética substancialmente mais desenvolvida do que uma a quem leram menos, e tem o dobro das probabilidades de atingirem o top 25 em percentagem de prontidão de leitura.
Setenta e cinco anos de estatísticas S.A.T. revelaram que os estudantes ricos atingem níveis mais elevados do que os estudantes pobres (isto também é verdade internacionalmente). Iminentemente uma das causas está em que as famílias mais abastadas leem mais para as suas crianças, as suas casas dispõem de mais livros, revistas e jornais, e muito mais variedade de palavras são ouvidas por estas crianças na conversação.
No estudo realizado por Hart e Risley`s “Diferenças Significativas” mostra que crianças ricas ouvem 45 milhões de palavras aos 4 anos, da classe trabalhadora 26 milhões e crianças pobres apenas 13 milhões – é uma diferença de 32 milões entre crianças originárias de classes ricas e pobre.
Ler regularmente para a criança ajuda a eliminar esta diferença e dá à criança em risco uma base, especialmente importante porque a maior parte do ensino primário é oral – o professor dá as aulas a falar para a classe. Quanto maior for o vocabulário melhor a criança entende o professor e a aula.

UM BOM LIVRO É TRÊS VEZES MAIS RICO EM VOCABULÁRIO QUE A CONVERSAÇÃO

Ninguém pode negar o poder da conversação com as crianças, mas quando há necessidade de enriquecer o vocabulário nada melhor do que a palavra escrita.
Quando são pesquisadas as diferentes palavras mais usada, muitas vezes chegamos às 10000 palavras diferentes, sendo a mais usada o “o”. Além destas encontramos o que se denomina de palavras raras. Pensa-se que usamos estas palavras com menos frequência na conversação. Elas fazem, cada vez mais, parte das necessidades do que temos de saber para entendermos ideias e sentimentos complicados expressos por escrito quer seja num jornal, num romance ou num livro de estudo. Assim quanto mais palavras rara, a criança conhece mais capaz será de elaborar pensamentos complexos.

COMO ENSINAR ÀS CRIANÇAS PALAVRAS QUE  NÃO DOMINAMOS

Todas as palavras que nos faltam podem ser encontradas nas bibliotecas dos povos, a biblioteca pública grátis, nos livros ou nas narrações áudio. Começando cedo a ter contacto com estes meios haverá um aumento do conhecimento, no entanto, o áudio necessita de ser acompanhado. O acompanhamento permite trocar impressões sobre o conto durante e após a audição.



Traduzido e adaptado de The Read-Aloud Handbook de Jim Trelease

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