Maricota,
a fada trapalhona, adorava distrair as crianças da
rua.
Só
tinha um detalhe: sua varinha de condão era completamente torta, e por isso as
mágicas que ela fazia nunca davam certo.
A
meninada voltava da escola e ia correndo para a pracinha ver Maricota criar as coisas mais absurdas e engraçadas.
—
Sim, salabim, bim-bim-bim, que o nariz do cachorro fique lindo assim!
E
o pobre do cachorro Paxá ficava com uma bonita tromba de tomate.
—
Abracadabra, pé-de-cabra, que o gato do José ganhe outra cauda!
E
o rabo do gato virava espanador.
Era
um cabelo de milho na cabeça do irmãozinho da Mariana. Brincos
de borboleta nas orelhas da Lili.
O
pequeno Mauro, que queria crescer logo, ganhava um bigodão de português, bem
enroladinho nas pontas.
A
galinha do Pedrinho, coitada estava perdendo as penas. Imagine o que a Maricota
aprontou! Colocou na galinha um vestido de noiva,
com um saboroso buquê de minhocas.
E
as crianças não viam o tempo passar, divertindo-se com as confusões da fada
desengonçada.
Mas
os pais não se preocupavam porque, no momento certo, Maricota mandava todo mundo para casa.
Estava na hora de fazer os deveres da escola.
Nem
adiantava pedir bis, pois ela apontava a varinha e dizia:
—
Sim, salabim, bim-bim-bim-bim, eu quero que vocês me obedeçam sim!
—
Abracadabra, pé-de-cabra, é hora de estudar, vamos todos para casa!
E
essa era a única vez que a mágica da Maricota não falhava!
(LIPPI,
Valéria Martins. De palavra em palavra – língua portuguesa – São Paulo: FTD, 1993)
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