Meu amigo de papel








Era domingo e uma chuvinha chata prendia todo mundo dentro de casa.
– Ai, ai, ai! – lamentava-se Patrícia. – Vou passar o domingo todo sem nada pra fazer...
– E eu? – intrometeu-se uma vozinha. – Por que você não se ocupa comigo?
Que vozinha era aquela? Patrícia olhou para todos os lados. Quem estava falando?
Ela estava sozinha no quarto. Seria um fantasma?
Não era um fantasma: em cima da mesa, um livro falava feito gente!
– Você... você... fala?
– Eu faço qualquer coisa, Patrícia! – riu-se o livro. – Comigo, você pode fazer o que quiser. Que negócio é esse de dizer que não tem nada pra fazer? É justamente nessas horas que eu posso levar você em viagens maravilhosas para qualquer lugar, para qualquer tempo. Venha sonhar comigo!
Patrícia pegou o livro. Aos poucos, agachada no tapete, esqueceu-se da vida.
Até que, lá de fora, a voz da mãe veio despertá-la:
– Patrícia! Venha aqui um minuto!
Sem levantar os olhos do livro, a menina respondeu:
– Agora não posso, mãe. Estou muito ocupada!


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