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- Se Vossa Real Majestade me der o filho, eu vou criá-lo.
O rei disse que sim e a moça veio criar o sapito. Depois passou algum tempo e ele foi crescendo e ela lavava-o e esmerava-o como se ele fosse uma criança. Foi indo e ele tinha uns olhos muito bonitos e falava, e a moça dizia:
- Os olhos dele e a fala não são de sapo.
Já estava grande, passaram-se anos e ela, uma noite, teve um sonho em que lhe diziam ao ouvido que o sapo era gente, mas pela grande heresia que a mãe disse que estava formado em sapo, que se o rei lhe desse para ela casar com ele que casasse e quando fosse na primeira noite que se fosse deitar, que ele tinha sete peles e ela levasse sete saias e quando ele dissesse:
-Tira uma saia.
- Tira uma pele.
Assim foi e casou o sapo com a moça e na noite do casamento ele pediu-lhe que tirasse as saias e ela foi-lhe pedindo que tirasse as peles e depois de ele as tirar ficou um homem. Ao outro dia ele tornou a vestir as peles e ficou outra vez sapo.
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- Tu para que vestes as peles? Assim és tão bonito e vais ficar sapo.
Ela, assim que se pôs a pé, foi contar tudo à rainha, e o rei mais a rainha disseram-lhe:
- Quando hoje te deitares, diz-lhe o mesmo e depois de ele tirar as peles e estar a dormir, deixa a porta do quarto aberta que nós queremos ir vê-lo.
Foram ver e viram que ele era homem. Ao outro dia o príncipe tornou a vestir as peles e vai o pai disse-lhe:
- Tu, porque vestes as peles e queres ser feio?
- Eu quero ser sapo, porque o meu pai tem mão interior e, se eu fico bonito, impõem a minha mulher.
O rei disse-lhe:
- Eu não a impunha, mas queria que tu ficasses bonito.
Depois, como viram que ele não queria deixar de ser sapo, pediram a ela que, assim que ele adormecesse, lhes trouxesse as peles para eles as queimarem. Ela assim fez e eles botaram as peles ao fogo aceso. De manhã vai ele para vestir as peles e não as acha.
- Onde estão as minhas peles?
- Vieram aqui o teu pai e a tua mãe e levaram-nas.
- Mal hajas tu se lhas destes, mais quem te deu o conselho. Adeus. Se alguma vez me tornares a ver, dá-me um beijo na boca.
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- Nós vimos no rio Jordão um homem e certamente era ele; estava botando fatias de pão para trás das costas e dizendo:
- Pela alma de meu pai, pela alma de minha mãe, pela alma de minha mulher.
Ela disse-lhes:
- Vocês quando tornam para essa banda?
- Nós para o fim do outro mês voltamos para lá; havemos de passar por esse rio.
A mulherzinha aprontou-se e foi com eles. Chegou lá e era o príncipe. Ela chegou ao pé dele e deu-lhe o beijo na boca como ele tinha dito e disse-lhe:
- Ora vamos embora, que se acabou o nosso fado.
E foram para casa e foram muito felizes e tiveram muitos filhos.
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