Aquela era uma colmeia comum. Tinha uma
rainha, tinha alguns zangões. E tinha muitas, muitas abelhas. Todos trabalhavam
juntos para manter a colmeia funcionando.
Cada um tinha uma função, e, juntos, transformavam
o pólen das flores em mel. Era uma colmeia bastante produtiva – a rainha era
rigorosa e todos tinham que cumprir suas funções corretamente. As abelhas, ali,
viviam em harmonia. Exceto uma, uma única abelha, que destoava do todo. Era a
abelha abelhuda.
A abelha abelhuda era uma ótima
funcionária da colmeia: colhia o pólen como poucos. Todos a conheciam e
respeitavam seu trabalho. O problema dela não era ser preguiçosa, nem ser
relaxada ou negligente. O problema dela era querer ficar abelhando a vida dos
outros.
Chamava-se Sol, a abelha abelhuda. E era
abelhuda desde sempre: ainda pequena, queria saber da vida dos outros. Agora,
já adulta, queria porque queria saber tudo de tudo da vida de todo mundo. Isto,
por si só, já era considerado chato pelas outras abelhas. Mas o pior era que
ela tirava conclusões precipitadas, e acabava metendo os outros em confusão...
Uma vez, viu a Dora sair mais cedo da
colmeia para polinizar as flores. Pronto. Já saiu dizendo que a Dora estava
pensando em mudar de colmeia, e por isso estava pesquisando qual a melhor
opção.
Outra vez, aconteceu com o Luti. Foi
vê-lo batendo um papinho com a Marli e já saiu dizendo a quem quisesse ouvir:
-
Você soube? Luti e Marli estão de namoro!' E por aí ia.
As outras abelhas, com o tempo, começaram
a ficar muito chateadas com esta situação. Sol fazia fofoca o tempo todo,
falava de todo mundo em tempo integral. Imaginava coisas que não tinham
acontecido, e sempre falava como se fosse a maior das verdades.
Chegou um ponto em que as outras abelhas
da colmeia resolveram que não poderiam mais confiar em Sol. E pararam de falar
com ela, simples assim! Ela, que sempre estivera cercada de amigos, de repente
encontrava-se sozinha.
Para a sorte de Sol, ela tinha uma
sobrinha que era muito espertinha, a Mell. E a Mell ficou com pena de ver sua
tia tão isolada. Resolveu, então, chamá-la para uma conversa.
- Tia Sol, o que está acontecendo com você?
- Nada, Mell. Por que?
- Porque você anda sozinha demais.
- Eu sei, tenho andado tão ocupada que mal tenho
tido tempo para os meus amigos.
Daí, a astuta menininha falou algo que
nenhuma outra abelha tinha tido coragem de dizer à Sol.
- Eu sei, tia. Você anda muito ocupada falando da
vida dos outros! Tão ocupada que não percebeu que todos se afastaram de você.
Por que você faz isso?
A tia levou um susto com a honestidade da
sobrinha. Nunca tinha cogitado magoar alguém, agira sem pensar. Sua sobrinha,
que era de uma sinceridade cortante, concluiu dizendo:
- Eu acho que você deveria se concentrar mais na sua
vida do que ficar tentando saber do que se passa na dos outros. E entender que,
quando te contam um segredo, é porque confiam em você.
Sol quase caiu para trás ao ouvir isto!
Não conseguia se lembrar da última vez em que alguma das outras abelhas lhe
contara um segredo. Então não confiavam mais nela? Sol conversou muito com sua
sobrinha, que apesar de nova era danadinha e sabia das coisas. Mell deu uma
porção de bons conselhos para a tia.
E sabem o que aconteceu? Sol parou de se
preocupar com a vida alheia! Se lhe contam um segredo, guarda a sete chaves.
Não fica mais abelhuda na vida dos outros, e só fala algo se lhe pedem opinião.
Sol voltou a ser uma abelha muito querida
na colmeia, e desde então ensina esta lição: “Se lhe contam um segredo, guardá-lo
é sua obrigação.”
E todas as abelhinhas são muito felizes
naquela colmeia, em que todos são honestos e sinceros uns com os outros.
http://umahistorinhapordia.blogspot.com.br/2011/05/abelha-abelhuda.html
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