A Vaca Sonhadora.






Havia uma vez em um campo de Santa Fé uma vaca sonhadora que não via as horas para que o trem passasse. Com seu ar de grandeza ela movia a sua cabeça para vê-lo passar.
Todos os dias a mesma história. Para ela seria a glória se algum dia pudesse viajar. Conhecer Buenos Aires, os teatros e as revistas. E conseguir alguma entrevista com algum galã de novela, esse homem que tanto deseja conhecer e só consegue vê-lo pela televisão.
Ela não podia fingir como ficava nervosa ao assistir a televisão. Como sonhar não custa nada, todas as noites ela pedia à sua fada madrinha que isso se tornasse realidade.
Nessas coisas do destino ou pela resposta aos seus desejos, um dia o trem parou em frente ao seu campo devido a um defeito, e ficou ali parado.
A vaca sonhadora não podia acreditar e pediu com tanta fé ao seu santo São Roque, ‘por favor, me deixe ir! E a convidaram para subir. O coração batia forte enquanto ela se despedia das demais.
E assim partiu a vaca rumo à grande cidade, sentada solitária e pela janela saudava suas amigas e jogava beijinhos de despedida, prometendo um dia voltar. Muito tempo se passou e ninguém mais soube dela, e diziam:
- Talvez j
á seja uma estrela que triunfa em Buenos Aires e já se esqueceu da gente.
Mas, um dia o trem parou no campo de Santa Fé e não podiam acreditar quando ela desceu do trem. Estava distinta, magra e nas pernas carregava umas algemas, e ainda que não fosse como antes, suas amigas a queriam da mesma forma e com grande alvoroço saíram ao seu encontro. Ela falava diferente, com sotaque diferenciado e dizia que ansiava em reencontrar suas amigas de infância e com muito desejo ela voltou ao seu campo natal. 
Contava com lágrimas nos olhos que não pôde cumprir os seus sonhos nem desejos e que ao caminhar em uma Avenida em Buenos Aires acabou presa. Isso sim que é vida! Isso é tranquilidade! Aqui no meu campo eu posso caminhar, ainda que arrastando minhas algemas. Não estou em Buenos Aires, mas num ar diferente, vivendo em liberdade no meu campo.



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