Um Porco Vem Morar Aqui






Um dia, quando Gabriela Galinha estava pendurando a roupa no varal, o Doutor Raposo saudou-a com uma notícia: um novo vizinho mudaria naquele dia para o prédio.
Clóvis Coelho dizia:
— Espero que venha um gato limpo ou um tatu ordeiro.
— Ai, ai! — suspirou Gabriela. 
— Tomara que seja alguém sossegado e asseado.
— Logo eles ouviram o novo inquilino chegando.
— Meu Deus! — exclamou Gabriela.
 — É... um porco! 
Um porco vem morar aqui! 
Assim não dá, todo mundo sabe que os porcos são bagunceiros,  sujos lamacentos.

Mais tarde, Doutor Raposo se encontrou com o porco que carregava lenha, aliás mais derrubava pela calçada, do que carregava.
Doutor Raposo foi reclamar com Gabriela Galinha.
— Que bagunça! Aquele porco deixou lenha espalhada pela calçada.
Quando Gabriela olhou pela janela não viu nada.
Ela achou que o Doutor Raposo havia varrido tudo, mas na verdade quem varreu foi o porco, e depois subiu para acender a lareira.
Depois foi a vez da Galinha.
Ao ver o porco chegando, se escondeu e o viu derrubando
um saco de farinha que se espatifou, espalhando a farinha no chão.
Gabriela Galinha foi reclamar com Clóvis Coelho:
— Aquele porco deixou a entrada do prédio coberta de farinha.
Quando Clóvis foi olhar, não viu nada e achou que Gabriela tinha limpado.
 Mas foi o porco que varrera e limpara todo o chão.
Depois, ele foi para a cozinha fazer biscoito de canela.
Clóvis Coelho estava curioso para saber o que estava acontecendo e não pôde acreditar quando viu o porco levando lama para seu apartamento, a lama escorria pelo chão e o porco pisava nela, deixando rastros de pegadas enlameadas.
Clóvis foi correndo contar para Dr. Raposo e Gabriela.
Os amigos indignados foram ver a sujeira mas, já estava tudo limpo e eles pensaram que Clóvis limpara.
O porco já havia lavado a escada três vezes e não era lama,
mas argila que ele utilizava para fazer cerâmica na sua oficina.
Indignados com tanta sujeira, decidiram ir conversar com o porco.
— Se o porco quer morar no nosso prédio terá que se comportar direito.
Senão ele vai ter que ir embora1
— Disse Gabriela Galinha
Tocaram a campainha: Blim-blom! Blim-blom!
— Oh... Olá! — disse o porco.
E para surpresa de todos, um aroma doce de rosquinhas de canela emanou pelo corredor e eles escutaram o fogo crepitando na sala do porco.
— Vimos uma bagunça na entrada do prédio — começou a dizer o Dr. Raposo!
— Ah! peço mil desculpas e espero que eu tenha limpado tudo direitinho. — O Doutor Raposo, Gabriela Galinha e Clóvis Coelho ficaram admirados e arrependidos por terem achado que ele era um verdadeiro porco.
Então os bichos, continuando a conversa, perceberam que fora o próprio porco que limpara tudo o que sujou.
— Meu nome é Henrique — falou o Porco.
— Querem lanchar comigo?
E todos aceitaram. Ficaram espantados ao ver como era clara e asseada a cozinha de Henrique. Admiraram as xícaras e os potes feitos em sua oficina.
Ele também confeccionou um jogo com peças especiais para
todos seus novos vizinhos.
— Seu apartamento é lindo! — disseram os vizinhos, saboreando os biscoitos e imaginando as tardes agradáveis que passariam juntos.
Que vizinho maravilhoso eles tinham!


Claudia Fries.

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