A que distância está o sol?







— Um barco à vela… montanhas… um castelo — diz Ana, a pintar e a falar consigo mesma. A mãe está no sofá a tricotar uma camisola de malha. O desenho de Ana e a camisola são prendas de anos para o pai.
Ana desenha no céu um sol com a cara risonha.
“O sol não tem cara”, pensa Ana.
Olha pelas janelas. Hoje o sol é um disco pálido por detrás de um véu de nevoeiro.
— O sol não é um vidro mas uma bola — diz a mãe. — O sol é uma estrela fixa. Os planetas movimentam-se à volta dele, e a terra também.
— A que distância está o sol? — pergunta Ana.
— A milhões de quilômetros — responde a mãe a rir-se.
Ana queria saber exatamente. Numa estante da sala está uma fileira de livros grossos. Por fora está escrita uma palavra que Ana consegue decifrar sozinha: Enciclopédia. A mãe tira um dos volumes e folheia-o.
— Cento e quarenta e nove milhões e quatrocentos e oitenta mil quilômetros — diz e escreve o número numa folha de papel: 149480000. — O sol é uma enorme bola de fogo em brasa.
Ana tenta imaginar essa bola. Há muitas coisas que são diferentes da forma como as vemos com os olhos.
Ana olha para o seu sol e pinta-lhe uns raios em volta da cara risonha. 

Traduzido e adaptado
Max Bolliger
30 Geschichten zum Verschenken
Lahr, Verlag Ernst Kaufmann, 1991

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