Olhando o céu azul que se estendia até onde sua
vista alcançava, uma porção de água passou a alimentar o desejo de sair de onde
estava, um pequeno ribeirão de águas tão limpas que pareciam um espelho,
cercado de árvores frondosas e arbustos enfeitados por flores de cores
variadas, aonde muitos animais vinham banhar-se e saciar sua sede.
E ela olhava aquela imensidão azul que parecia não
ter fim, via os pássaros voando ligeiros de um lugar para outro, as nuvens
brancas como algodão deslizando tranquilas e sem pressa pelos ares, e quanto
mais ela olhava, mais aumentava a sua vontade de sair flutuando sem rumo pelo
espaço e chegar até o céu, onde passaria a morar e admirar, lá de cima, a
beleza exuberante da terra e seus pertences.
E para que seu pensamento se tornasse realidade ela
pediu ajuda ao sol, que não se fez de rogado e imediatamente a transformou em
vapor, permitindo-lhe assim subir primeiro em direção às nuvens que pairavam
bem lá no alto, e depois atingir a camada mais fria e rarefeita da atmosfera.
Mas chegando onde queria, as partículas minúsculas da água foram ficando
geladas com o frio e por isso voltaram a se unir, tornaram-se novamente mais
pesadas que o ar, e terminaram desabando na forma de chuva forte sobre a terra,
onde a porção líquida foi sugada pelo solo seco e levada para um lençol
freático profundo, no qual permanece aprisionada até hoje.
Moral da história: Sonhar alto é perigoso, porque a
volta à realidade pode acontecer em uma queda longa e sofrida.
Baseado em uma fábula de Leonardo da Vinci.
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