As três laranjas mágicas







 
   Achando que já estava mais que na hora de seu filho se casar, um velho rei convidou princesas de todos os cantos do mundo para uma grande festa. Como o príncipe não simpatizou com nenhuma delas, o monarca o mandou a procurar sozinho uma jovem que lhe agradasse.
   O rapaz montou em seu cavalo e partiu. Não demorou para chegar a uma floresta, onde se deparou com uma laranjeira da qual pendiam três laranjas de ouro. Colheu-as e prosseguiu.
   Logo depois sentiu sede, pois fazia muito calor. Então sacou da faca, descascou uma laranja e a cortou ao meio. Pois não é que da laranja saiu uma linda moça de olhos da cor do céu e cabelos da cor do sol?
- Um gole de água, por favor!, ela implorou. O príncipe não pôde atender seu pedido, e a moça desapareceu.
   O sol estava ardente, e o viajante não demorou a cortar mais uma laranja. Uma jovem de olhos verdes como uma lagoa da floresta e cabelos vermelhos como uma flor de hibisco lhe pediu um gole de água e, como não o recebeu, sumiu.
   O príncipe seguiu viagem e por fim encontrou uma fonte, onde saciou sua sede. A essa altura já estava com fome e então cortou a terceira laranja. Uma moça de cabelos negros como o corvo e o rosto branco como jasmim lhe suplicou:  
- Um gole de água, por favor.
O rapaz juntou a mãos em concha, encheu-as na fonte e lhe deu de beber. Assim a livrou do encantamento de uma bruxa, que a aprisionara nas laranjas mágicas.
   O príncipe e a moça se casaram e pouco depois subiram ao trono. Quando a bruxa soube, correu para a cidade, foi até o portão do palácio e se pôs a apregoar:
- Grampos! Lindos grampos! Quem quer comprar?.
A rainha ouviu seu pregão e a mandou entrar. A falsa vendedora lhe mostrou então um grampo que tinha uma pérola na ponta e pediu para colocá-lo em seus cabelos. A jovem soberana se abaixou, e a bruxa lhe espetou o grampo na cabeça com toda a força. No mesmo instante a rainha se transformou numa pomba branca e voou para a floresta.
   O rei estava ali, caçando, e capturou a linda ave com intenção de oferecê-la a sua esposa. No entanto, ao voltar para o palácio, procurou a rainha por toda parte e não a encontrou.
   Nos meses seguintes seu único consolo foi a pomba branca, que lhe lembrava seu amor perdido. Um dia, acariciando a cabeça do animalzinho, sentiu uma coisa dura: era a pérola do grampo. Puxou-a imediatamente e diante de seus olhos sua bela rainha tomou o lugar do pássaro.
   Ao descobrir que tudo aquilo fora obra da bruxa, o monarca mandou que seus homens a prendessem...
PHILIP, Neil. Volta ao mundo em  52 histórias. São Paulo: Companhia das letrinhas, 1994. P. 42-43.
 

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