Uma vez um menino foi passear no mato e apanhou uma coca; chegando em casa, deu-a de presente à avó, que a preparoiu e comeu. Mais tarde, sentiu o menino fome e voltou para buscar a coca, cantando: Minha vó, me dê minha coca Coca que o mato me deu Minha vó comeu minha coca Coca recoca que o mato me deu A avó, que já havia comido a coca, deu-lhe um pouco de angu. O menino ficou com raiva, jogou o angu na parede e saiu. Mais tarde, arrependeu-se e voltou, cantando: Parede, me dê meu angu Angu que minha vó me deu Minha vó comeu minha coca Coca recoca que o mato me deu A parede, não tendo mais o angu, deu-lhe um pedaço de sabão. O menino andou, andou, encontrou uma lavadeira lavando roupa sem sabão e disse-lhe: — Você lavando roupa sem sabão, lavadeira? Tome este pra você. Dias depois, vendo que a sua roupa estava suja, voltou para tomar o sabão, cantando: Lavadeira, me dê meu sabão Sabão que a parede me deu Parede comeu meu angu Angu que minha vó me deu Minha vó comeu minha coca Coca recoca que o mato me deu A lavdeira já havia gasto o sabão: deu-lhe então uma navalha. Adiante, encontrando um cesteiro cortando o cipó com os dentes. Disse-lhe: — Você cortando o cipó com os dentes?... Tome esta navalha. O cesteiro ficou muito contente e aceitou a navalha. No dia seguinte, sentindo o menino a barba grande, arrependeu-se de ter dado a navalha (ele sempre se arrependia de dar as coisas) e voltou para buscá-la, cantando: Cesteiro me dê minha navalha Navalha que lavadeira me deu Lavadeira gastou meu sabão Sabão que parede me deu Minha vó comeu minha coca Coca recoca que o mato me deu O cesteiro, tendo quebrado a navalha, deu-lhe, em paga um cesto. Recebeu o cesto e saiu dizendo consigo: — Que é que eu vou fazer com este cesto? No caminho, encontrando um padeiro fazendo pão e colocando-o no chão, deu-lhe o cesto. Mais tarde, precisou do cesto e voltou para buscá-lo com a mesma cantiga. Padeiro me dê meu cesto Cesto que o cesteiro me deu O cesteiro quebrou minha navalha Navalha que a lavadeira me deu Lavadeira gastou meu sabão Sabão que parede me deu Minha vó comeu minha coca Coca recoca que o mato me deu O padeiro, que tinha vendido o pão com o cesto, deu-lhe um pão. Saiu o menino com o pão, e, depois de muito andar, não estando com fome, deu o pão a uma moça, que encontrou tomando café puro. Depois, sentindo fome, voltou para pedir o pão à moça e canta: Moça me dê meu pão Pão que o padeiro me deu O padeiro vendeu meu cesto Cesto que cesteiro me deu O cesteiro quebrou minha navalha Navalha que a lavadeira me deu Lavadeira gastou meu sabão Sabão que parede me deu Minha vó comeu minha coca Coca recoca que o mato me deu A moça havia comido o pão; não tendo outra coisa para lhe dar, deu-lhe uma viola. O menino ficou contentíssimo; subiu com a viola numa árvore e se pôs a cantar: De uma coca fiz angu De angu fiz sabão De sabão fiz uma navalha Duma navalha fiz um cesto De um cesto fiz um pão De um pão fiz uma viola Dinguelingue que eu vou para Angola (Em Pedreira, Ester. "História da coca". Revista Brasileira de Folclore, ano 11, nº 31, Rio de Janeiro, setembro/dezembro de 1971, p.319-322) |
HISTÓRIA DA COCA
Meu nome é Telma Régia Soares Bezerra
Sou Professora. Minha formação Acadêmica: Pedagogia, Língua Portuguesa e Pós Graduação em Língua Portuguesa.
Trabalhei na Secretaria de Educação de Crateús, onde acompanhava o 3º Ano e Educação Infantil (PAIC e PNAIC) e Eixo do Leitor, com o qual me identifico muito. Sou fascinada por histórias... Leio de tudo, desde a literatura infantil até a literatura adulta. Alguns autores me encantam, como Ricardo Azevedo, Ruth Rocha, Elias José, Luis Fernando Veríssimo, Luis Câmara Cascudo... Ah.... Uma infinidade deles... E, além de ler, gosto de contar histórias, de preferência as de humor e de encantamento.
Meu nome é Elizabeth Macedo de Sousa. Sou Professora. Minha formação acadêmica - Psicopedagogia. Atuava na Secretaria de Educação com o Eixo do Leitor e as turmas de Educação Infantil.
Gosto muito de contar histórias e trabalhos de artes. Quando estou contando histórias, me transponho para o mundo da fantasia.
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