O Cavalinho Azul.





Esta história foi um velho que me contou.
Um velho com uma barba enorme, tão grande que quase chegava ao chão.
Ele se chamava João de Deus.
Era um vagabundo. Andava pelas estradas vendo as coisas.
De tanto ver, sabia uma porção de histórias dos outros.
Foi ele que me contou a história de Vicente e de seu cavalo.
Vicente era um menino pobre que tinha um pangaré.
O pangaré era marrom, bem feio, bem magro e bem velho.
O cavalo servia para puxar a carroça do pai de Vicente que levava para a cidade verduras que ele colhia, vendia e ganhava um dinheirinho. Quando o cavalo não estava puxando a carroça quem brincava e dava capim a ele era Vicente.
Vicente adorava dar capim a seu cavalo. Era nesta hora que ele conversava com o pangaré.
Ele dizia uma porção de coisas também quando o levava a beber água na beira do córrego que passava atrás da casa.

CONVERSA DE VICENTE COM SEU CAVALO

— Bebe água, meu cavalinho azul! Este rio está meio sujinho, mas vou te levar para um rio enorme de água limpa e branquinha que tem lá atrás daqueles morros! Vamos atravessar uma enorme campina verde, toda verdinha de tanto capim verde! Depois, quando você estiver bem treinado, bem escovado, vou te levar para o circo lá da cidade!
— Lá, vou andar com um pé só em cima de você, sem cair. O outro pé eu deixo boiando no ar, para mostrar aos meninos que vão ao circo como nós dois sabemos fazer coisas de circo! Nós vamos fazer outras coisas difíceis. E todo mundo vai ficar olhando a gente, e admirando seu pêlo brilhando de tão azul naquela luz forte do circo!

MACHADO, Maria Clara. O Cavalinho Azul. Rio de Janeiro: Cedibra, 1969

Um comentário:

  1. Maravilhoso compartilhamento. Linda história de Maria Clara Machado para nossas crianças.

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