Ana Maria era
uma menina de sete anos. Tinha grandes tranças negras, olhos castanhos e uma
imensa imaginação que sua mãe, muitas vezes, precisava pôr um freio.
Aninha, era assim que todos a chamavam, amava tudo e todos. Era carinhosa,
conversava com gente, com os bichos, com as plantas, com os pássaros sempre
contando, para eles, coisas que a sua fantasia criava.
A família de Aninha morava numa casa antiga, um sobrado pintado de branco com janelas azuis e uma varanda que circundava todo o andar superior. Do lado direito do pavimento superior ficava o quarto das crianças. Depois que seus irmãos adormeciam, Ana Maria sentava-se no chão do quarto, diante da vidraça da janela e, apontando o dedinho para o céu, contava as estrelas. Daquele pedaço de céu que ela avistava do seu quarto já havia contado todas as estrelas. Sabia quantas tinha, conhecia as suas cores, a intensidade do brilho. Sabia tudo. Conversava com elas.
Quando alguma das estrelas piscava, Aninha sorria imaginando que, mesmo tão distante, ela ouvira e entendera tudo que foi dito. E ia dormir feliz.
Numa noite de mau tempo, céu encoberto, muita chuva, Aninha não pôde ver as estrelas. Tudo estava escuro. Então ela se ajoelhou diante da sua cama, pôs as mãos em posição de oração e pediu:
- Estrelas do céu, hoje eu não posso vê-las e sendo assim vou só falar. Espero que o barulho dos trovões não atrapalhe e que vocês possam me ouvir.
E com sua fértil imaginação ela contou tudo que fizera pela manhã e à tarde antes de cair o temporal. Finalizando a conversa ela pediu:
- Se alguma de vocês, estrelinhas, me ouviu, mande uma resposta.
O dia amanheceu ensolarado. Do temporal não havia nenhum sinal. A mãe de Ana Maria vistoriava o jardim em torno da casa quando viu uma nova planta. Chamou a menina e perguntou:
- Aninha, você plantou alguma coisa aqui?
Ana Maria assomando à janela e olhando para baixo respondeu:
- Não, mamãe... E que planta é?
- Brinco-de-princesa, a flor que você gosta.
E a imaginação de Aninha bateu asas. Ela havia falado, uma vez, para a estrelinha piscante que amava aquele tipo de flor, parecia um brinco de verdade. Muitas vezes, ela e as amiguinhas, iam para a praça da cidade e, no jardim, colhiam a flor. Amarravam, nos cabinhos, um barbante e as penduravam nas orelhas como brincos. Então as estrelas ouviram a sua conversa, mesmo com o barulho dos trovões, e deixaram o sinal na forma de uma planta. O pé de flor cresceu. Ana ficava, horas e horas, olhando para o presente das estrelas e pensando como seria bom se uma delas viesse visitá-la. Naquela noite, antes de se deitar, Aninha deu boa noite para as estrelas e para o pé de brinco-de-princesa.
Dormiu. Sonhou que uma estrela brilhante com uma cauda de diamante desceu do céu e ficou pairando diante da janela do seu quarto, convidando-a para sair. A menina, entre a surpresa e a certeza, sorriu para a estrela dizendo:
- Eu sabia que um dia você viria me visitar!
Então a estrela, alegre que só ela, disse:
- Suba na minha cauda para uma viagem mágica.
Ana Maria obedeceu. A estrela subiu rápida. Aninha olhou para baixo e viu a sua casa bem pequenina. A estrela subia mais e mais. Agora estavam sobre o oceano iluminado pelo sol. Baleias, golfinhos e as aves marinhas saltavam e planavam como se dançassem um balé cuja música só eles ouviam. Como era lindo o mar! Parecia estar todo coberto de ouro. Passaram por praias que eram verdadeiro paraíso e a menina aproveitou para pegar uma concha cor-de-rosa. Viu as montanhas nevadas; os pinguins; as focas; os leões-marinhos; os ursos polares, os esquimós entrando e saindo dos seus iglus. Que coisa maravilhosa! A menina agitava os braços e dizia aos gritos:
- Lindo, lindo, lindo...!
A estrela continuou levando Aninha. Agora estavam no deserto.
- Camelos, eu nunca havia visto um. Como são grandes! Olha a corcova deles! Olha lá um oásis! Olha quantos pés de tâmara!
E num voo rasante da estrela a criança apanhou algumas tâmaras com a mão direita, guardando-as no bolso do seu avental.
– Pena que não tem praia...! - arrematou penalizada.
- Olha ali as pirâmides! A esfinge! É o Egito! Olha o Taj Mahal! – gritava admirada.
Já anoitecia e a estrela levou a menina para uma enorme floresta. A Lua, sabedora da aventura, aumentou seu clarão para iluminar a densa mata e os segredos que ela guarda. Aninha viu uma oncinha dormindo ao lado da mãe. Viu um ninho de papagaio com a mamãe abrigando os filhotinhos sob as asas quentinhas; os jacarés dormindo na margem do grande rio; a jiboia pesadona se escondendo no mato rasteiro; a jaguatirica oculta atrás de uma moita; um macaquinho abraçado a sua mãe; sapos e grilos. E aquela imensa flor que boiava na água do rio? - É a vitória régia - explicou a estrela.
Ela deu um grito quando viu uma criaturinha da cara dourada sentada no galho da árvore centenária. A estrela lhe disse que era o mico-leão dourado e que ele estava em extinção por culpa dos homens.
- Que lugar é este? Perguntou Ana Maria.
- É a floresta amazônica brasileira. – respondeu a estrelinha.
- Como é grande e linda! Acho que eu levaria toda a vida para conhecê-la. – disse a menina.
A estrela concordou. Agora era hora de voltar. Ana Maria beijou a estrela e agradeceu a viagem. Já estavam perto da casa. A estrela, cuidadosamente, colocou a menina no batente da janela ajudando-a entrar no quarto. Pôs a criança na cama e acariciando seu rosto se despediu. Ana Maria sentindo a carícia abriu os olhos. Era sua mãe dizendo:
- Acorda filha, já está na hora da escola. Foi bom o seu sonho?
Ana disse que sim, mas quando levantou o travesseiro lá estava a concha que ela pegara na praia paradisíaca. Lembrou-se das tâmaras. Pegou o seu avental branco e lá estavam elas no bolso direito. Fora mesmo um sonho? Ponha a sua imaginação para funcionar e vá para onde você quiser.
A família de Aninha morava numa casa antiga, um sobrado pintado de branco com janelas azuis e uma varanda que circundava todo o andar superior. Do lado direito do pavimento superior ficava o quarto das crianças. Depois que seus irmãos adormeciam, Ana Maria sentava-se no chão do quarto, diante da vidraça da janela e, apontando o dedinho para o céu, contava as estrelas. Daquele pedaço de céu que ela avistava do seu quarto já havia contado todas as estrelas. Sabia quantas tinha, conhecia as suas cores, a intensidade do brilho. Sabia tudo. Conversava com elas.
Quando alguma das estrelas piscava, Aninha sorria imaginando que, mesmo tão distante, ela ouvira e entendera tudo que foi dito. E ia dormir feliz.
Numa noite de mau tempo, céu encoberto, muita chuva, Aninha não pôde ver as estrelas. Tudo estava escuro. Então ela se ajoelhou diante da sua cama, pôs as mãos em posição de oração e pediu:
- Estrelas do céu, hoje eu não posso vê-las e sendo assim vou só falar. Espero que o barulho dos trovões não atrapalhe e que vocês possam me ouvir.
E com sua fértil imaginação ela contou tudo que fizera pela manhã e à tarde antes de cair o temporal. Finalizando a conversa ela pediu:
- Se alguma de vocês, estrelinhas, me ouviu, mande uma resposta.
O dia amanheceu ensolarado. Do temporal não havia nenhum sinal. A mãe de Ana Maria vistoriava o jardim em torno da casa quando viu uma nova planta. Chamou a menina e perguntou:
- Aninha, você plantou alguma coisa aqui?
Ana Maria assomando à janela e olhando para baixo respondeu:
- Não, mamãe... E que planta é?
- Brinco-de-princesa, a flor que você gosta.
E a imaginação de Aninha bateu asas. Ela havia falado, uma vez, para a estrelinha piscante que amava aquele tipo de flor, parecia um brinco de verdade. Muitas vezes, ela e as amiguinhas, iam para a praça da cidade e, no jardim, colhiam a flor. Amarravam, nos cabinhos, um barbante e as penduravam nas orelhas como brincos. Então as estrelas ouviram a sua conversa, mesmo com o barulho dos trovões, e deixaram o sinal na forma de uma planta. O pé de flor cresceu. Ana ficava, horas e horas, olhando para o presente das estrelas e pensando como seria bom se uma delas viesse visitá-la. Naquela noite, antes de se deitar, Aninha deu boa noite para as estrelas e para o pé de brinco-de-princesa.
Dormiu. Sonhou que uma estrela brilhante com uma cauda de diamante desceu do céu e ficou pairando diante da janela do seu quarto, convidando-a para sair. A menina, entre a surpresa e a certeza, sorriu para a estrela dizendo:
- Eu sabia que um dia você viria me visitar!
Então a estrela, alegre que só ela, disse:
- Suba na minha cauda para uma viagem mágica.
Ana Maria obedeceu. A estrela subiu rápida. Aninha olhou para baixo e viu a sua casa bem pequenina. A estrela subia mais e mais. Agora estavam sobre o oceano iluminado pelo sol. Baleias, golfinhos e as aves marinhas saltavam e planavam como se dançassem um balé cuja música só eles ouviam. Como era lindo o mar! Parecia estar todo coberto de ouro. Passaram por praias que eram verdadeiro paraíso e a menina aproveitou para pegar uma concha cor-de-rosa. Viu as montanhas nevadas; os pinguins; as focas; os leões-marinhos; os ursos polares, os esquimós entrando e saindo dos seus iglus. Que coisa maravilhosa! A menina agitava os braços e dizia aos gritos:
- Lindo, lindo, lindo...!
A estrela continuou levando Aninha. Agora estavam no deserto.
- Camelos, eu nunca havia visto um. Como são grandes! Olha a corcova deles! Olha lá um oásis! Olha quantos pés de tâmara!
E num voo rasante da estrela a criança apanhou algumas tâmaras com a mão direita, guardando-as no bolso do seu avental.
– Pena que não tem praia...! - arrematou penalizada.
- Olha ali as pirâmides! A esfinge! É o Egito! Olha o Taj Mahal! – gritava admirada.
Já anoitecia e a estrela levou a menina para uma enorme floresta. A Lua, sabedora da aventura, aumentou seu clarão para iluminar a densa mata e os segredos que ela guarda. Aninha viu uma oncinha dormindo ao lado da mãe. Viu um ninho de papagaio com a mamãe abrigando os filhotinhos sob as asas quentinhas; os jacarés dormindo na margem do grande rio; a jiboia pesadona se escondendo no mato rasteiro; a jaguatirica oculta atrás de uma moita; um macaquinho abraçado a sua mãe; sapos e grilos. E aquela imensa flor que boiava na água do rio? - É a vitória régia - explicou a estrela.
Ela deu um grito quando viu uma criaturinha da cara dourada sentada no galho da árvore centenária. A estrela lhe disse que era o mico-leão dourado e que ele estava em extinção por culpa dos homens.
- Que lugar é este? Perguntou Ana Maria.
- É a floresta amazônica brasileira. – respondeu a estrelinha.
- Como é grande e linda! Acho que eu levaria toda a vida para conhecê-la. – disse a menina.
A estrela concordou. Agora era hora de voltar. Ana Maria beijou a estrela e agradeceu a viagem. Já estavam perto da casa. A estrela, cuidadosamente, colocou a menina no batente da janela ajudando-a entrar no quarto. Pôs a criança na cama e acariciando seu rosto se despediu. Ana Maria sentindo a carícia abriu os olhos. Era sua mãe dizendo:
- Acorda filha, já está na hora da escola. Foi bom o seu sonho?
Ana disse que sim, mas quando levantou o travesseiro lá estava a concha que ela pegara na praia paradisíaca. Lembrou-se das tâmaras. Pegou o seu avental branco e lá estavam elas no bolso direito. Fora mesmo um sonho? Ponha a sua imaginação para funcionar e vá para onde você quiser.
Maria Hilda de Jesus Alão
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