CARNAVAL NA FLORESTA








Era tempo de carnaval entre os homens. Na floresta o clima era o mesmo. Os bichos, orientados pelo macaco Cachoeira, estavam se preparando para três dias de folia.  Escolheram o hipopótamo Zezé para ser o rei Momo, a esposa do pavão para ser a rainha do carnaval. As fantasias estavam prontas. Foram feitas com folhas, pétalas de flores e cipós. Os bichos aproveitavam tudo que a mata podia fornecer para enfeitar o carnaval. Os ensaios, à beira da lagoa, já estavam no fim.

Dois dias antes do carnaval, Cachoeira e o hipopótamo Zezé, distribuíram as fantasias. A jaguatirica ganhou uma fantasia de havaiana, a onça, uma de odalisca, o coelho Tico, uma de pirata, a anta Antelina, uma de princesa e a esposa do jacaré Formoso, uma de sereia. E assim todos estavam devidamente fantasiados. Um velho elefante, fugido de um circo, ficou incumbido de tocar o trombone (a sua tromba) para anunciar o início do baile. Assim foi feito.

Os bichos se organizaram em grupos e deram a cada grupo o nome de “Bloco”.  Tinha o “bloco da macacada”, “o bloco da coelhada”, “o bloco da jaguatiricada”, “o bloco da onçada” e assim por diante. Os pássaros eram responsáveis pela música, acompanhados pela bateria de casca de coco feita pela família do macaco Tição. E começou o baile carnavalesco para todos os bichos da floresta. Gambás mascarados se rebolavam ao som da música alegre. As cobras faziam o papel de “comissão de frente”, serpenteando mais pareciam havaianas dançando o ula-ula.

Lá num canto da mata, as jaguatiricas formavam o bloco mais animado. Elas cantavam e pulavam com muita animação. O bloco dos macacos-prego estava tão bonito na sua fantasia de “dama antiga”, feita de folhas de palmeira, que a coruja, lá do alto da árvore disse: - Merecem ganhar um prêmio... O rei Momo e a rainha do carnaval não deixavam a bicharada esmorecer. Na manifestação artística dos bichos prevalecia a ordem e a elegância.

O Criador, olhando lá do céu, ficou muito feliz de ver a união e o amor entre os bichos numa simples festa de carnaval.

– É assim que eu quero ver toda a minha criação! – exclamou Deus.

O calor estava forte e foi dada a ordem de servir a bebida por um grupo de chimpanzés que fazia as vezes de garçons. Era água de coco fresquinha. E assim chegou o terceiro dia. A madrugada já estava no fim quando os bichos deram por terminado o carnaval da floresta. E saíram a procura do macaco Cachoeira para agradecer os dias de divertimento sadio que ele lhes havia proporcionado. Chamaram pelo companheiro de folia e nada. Onde estaria o macaco Cachoeira? E foram entrando por um bananal e lá estava ele, deitado numa esteira feita de folhas secas de bananeira. A turma de bichos começou a rir, rir do tamanho da barriga do Cachoeira. Foi aí que o papagaio Paco cantou:

- Olha o Cachoeira
Atrás da bananeira
Comeu tanta banana
Agora dorme na esteira.”

E todos foram para casa deixando o Cachoeira dormindo no bananal.
- Ele merece... – foi o que disse, com alegria, o hipopótamo Zezé.


Maria Hilda de Jesus Alão

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