Um homem foi à floresta e pediu às árvores que lhe dessem um cabo para o seu machado, alegando que precisava dele para sustentar a sua numerosa família. Considerando o sentido social e humanitário que aparentemente estava por trás daquela solicitação, o conselho das árvores mais velhas se reuniu, colocou o assunto em discussão, e ao final do encontro concordou com o que o lenhador desejava, dando a
ele uma árvore jovem, ainda, para que com ela o solicitante pudesse preparar a peça de que necessitava para guarnecer o seu instrumento de trabalho .
De posse da autorização o homem não perdeu tempo e tratou de entrar em ação imediatamente: para começar, ele cortou a arvorezinha que as árvores mais velhas lhe haviam dado e fez com ela o cabo de que precisava, colocando-o em seu machado; em seguida, passou a usá-lo numa faina incessante, derrubando em pouco tempo, com seus golpes potentes e certeiros, um bom número das mais nobres, das maiores e das mais antigas árvores da mata.
Em razão disso, enquanto aumentava rapidamente na floresta a destruição provocada pelo incansável e insaciável lenhador, também crescia, na mesma proporção, a lamentação das árvores mais velhas, que a tudo assistiam sem nada poder fazer. Até que um majestoso jacarandá quase centenário, disse inconformado a um pé de cedro da mesma idade, que vivia a seu lado:
- Nossa decisão imprevidente trouxe a perdição para todas as árvores aqui da floresta. Se ao contrário do que fizemos, tivéssemos respeitado os direitos daquela árvore ainda tão nova, poderíamos ter resguardado o privilégio de continuarmos a viver por muitos e muitos anos.
Moral da história: aquele que discrimina ou menospreza o seu semelhante, não poderá reclamar se alguém, algum dia, fizer a mesma coisa com ele.
Baseado na fábula do mesmo nome, de Esopo.
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