O Besouro Doente






O besouro está doente?
Chame logo o Doutor,
pode ser que o paciente
tenha febre... sinta dor!


Na casa da dona besoura,
tudo era agitação,
o besouro de lá para cá,
quase afundava o chão,
pois a besoura esperava,
seus primeiros bebês.
Sentia algo estranho
e nem bem sabia o quê...

Já havia feito a cama
e estava de pijama!
A casa toda florida,
na mesa, tanta comida!

E, justo, naquela hora,
a chuva caía lá fora.
Mamãe pertinho do berço,
parada, rezava o terço!

Enfim, chegaram os bebês!
Sentiram frio ao nascer...
Tanta chuva umedecia
o bercinho onde dormiam.

Os pais preocupados,
com os pingos que caíam,
deitaram-se sobre eles,
cobrindo-os como podiam!

O vento espiando a cena,
teve deles muita pena!
Soprou alto, soprou forte,
mandou a chuva pro norte!


Enfim, pôde o casal
receber suas visitas,
que trouxeram mil presentes,
com rendas, laços e fitas!

Dona abelha entrou na casa,
trazendo favos de mel,
os quais carregava nas asas
finas, feito papel!

Cumprimentou-os com jeito
e então, diante do leito,
ficou um tanto sem graça,
dizendo com muito respeito:

- Não os quero preocupar
mas, acabo de notar
um bebê muito doente,
todo pintado e quente!

Surpresa, descontente,
vira-se a mãe agitada:
-Há um bebê bem doente?
Deus! E eu nem percebi!
Nem mesmo quando, com jeito,
coloquei-os no berço e os cobri...


Vendo a mãe tão aflita,
a abelha quis acalmá-la:
- Não, mamãezinha besoura,
no bebê há algumas pintas,
porém, não são muitas delas,
contei-as... há menos de trinta!



Chamaram nesse momento,
o Doutor que veio contente,
mas, desistiram em tempo,
pra proteger o doente!

O médico era um pombo
que sempre engolia insetos,
assim, não o puderam deixar
nem mesmo chegar muito perto!


Pensaram na borboleta,
que já cuidara da vespa:
- Venha amiguinha preta,
precisamos de você!
Venha logo e nos ajude
a salvar nosso bebê!



Voando em linha reta,
atendeu com muita pressa
o pedido dos besouros
que mimavam seu tesouro!

Olhando para os filhotes,
disse muito preocupada:
- Acho que este do canto,
apanhou forte sarampo!



Assustado, o beija-flor,
quando o viu, perdeu a cor!
- Não! Esse aí tem catapora!
Até logo, vou-me embora!


Guloso, veio o sapo,
pensando em botá-lo no papo
mas, vendo as pintas vermelhas,
quase teve tremedeira!
- O besouro magricela,
este, nasceu com rubéola!


Rebolando, a lagartixa
foi chegando atrevida:
- O tal pintado besouro
tem o corpo em feridas
isso, eu sei, é mau agouro!
pra curar passem urtiga! 


com o corpo da gente, dá uma coceira danada.
Aflitos, os pais nem sabiam
mais em quem acreditar.
Assim, pediram à coruja
que o viesse visitar


Ela entrou curvada, muda,
pondo os óculos para ver
a doença que chegava
judiando do bebê.


Revirando os olhinhos,
soltou a voz, de repente:
- Cadê o tal do doente?
Não vejo nenhum por aqui!
Só o que tenho em minha frente,
é um besouro diferente.


E, chegando bem mais perto,
disse assim, de peito aberto:
- Que é isso, minha gente?
Aqui ninguém é doente!
O que temos neste leito,
bem saudável, sem defeito,
é alguém que só queria
arranjar uma família.

E mostrando aos presentes,
disse serem as pintinhas,
só bolinhas, simplesmente,
de uma linda Joaninha!


Aí então, despreocupados,
os besouros festejaram
e, com muita alegria,
a Joaninha adotaram!

Hoje, quem vê a família
e do caso não sabia,
diz que todas as bolinhas
do corpinho da besoura
são pedrinhas muito raras,
preciosas, joias caras,
presente da boa vovó,
que pela neta enfeitada
tem um imenso xodó!


Maria da Graça Almeida

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