Numa cozinha toda branquinha, em cima de uma mesa, estava uma caixa de fósforos e fora dela um palito descansava na toalha de linho. A caixa, preocupada, pediu ao palito que retornasse para dentro dela.
- Quero te proteger. – dizia ela.
O palito disse que não porque dentro dela era muito escuro. Ali, sim, é que era bom. Tinha muita claridade, gente entrando e saindo. A caixa ficou triste. Ela sabia o destino dos seus filhos. Tentou mais uma vez e nada conseguiu. Explicou ao teimoso que a vida dos fósforos é muito curta, dura só alguns segundos e que ela queria ficar mais um tempinho com ele no seu ventre.
Enquanto a caixa falava, a dona da casa entrou na cozinha, pegou o fósforo da mesa e a caixa e o riscou. A chama brilhou no ar, quente e cheia de vida. Nos poucos instantes em que ficou brilhando e ardendo, o palito de fósforo disse à caixa:
- É minha vida breve que acende velas para iluminar a escuridão, fogões e fornos para cozinhar os alimentos, assar pães e bolos. Para mim não há imagem mais gratificante do que uma criança com a carinha suja de bolo de chocolate que foi assado graças à minha chama.
A caixa concordou tristemente.
- Adeus, mamãe caixa de fósforos! – disse sorrindo o palito antes de a mulher jogá-lo na lixeira sobre a pia.
Mais vale uma vida curta produtiva do que uma longa improdutiva.
Maria Hilda de Jesus Alão
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