A manhã era bonita, de um céu tão azul que encantava até mesmo os que nele não prestavam maior atenção. Por um vale cercado de altas montanhas corria um pequeno córrego cujas águas limpas mais pareciam um espelho, e ao lado dele, acompanhando seu curso, uma estrada de terra que desaparecia lá na frente, entre dois montes separados por estreita garganta.
Por essa estrada um cachorro seguia apressado. Ele carregava na boca o pedaço de carne que abocanhara sabe-se lá onde e como, e certamente procurava algum canto onde pudesse saborear sossegado o petisco preso firmemente pelos seus dentes. Rapidamente ele chegou à ponte de tábuas que ligava as margens do curso d’água, mas tão logo começou a atravessá-la, viu sua própria imagem refletida na água que deslizava devagar por debaixo da passagem de madeira.
No mesmo instante o cão imaginou estar diante de um outro cachorro que também levava um pedaço de carne na boca, só que esse era, aparentemente, de tamanho maior. Guloso, ele largou o que tinha entre os dentes e pulou dentro d’água, para atacar ferozmente o outro animal e tomar a carne que o mesmo carregava.
Mas se deu mal na ação impulsiva, porque com isso perdeu o almoço que já tinha garantido: o pedaço de carne que ele tentou arrebatar não existia, pois era o que aparecia em seu próprio reflexo, e o que ele levava em sua boca caiu dentro do córrego e foi levado embora pela correnteza.
Moral da história: Aquele que é capaz de trocar o certo pelo duvidoso, não passa de um tolo duplamente imprudente.
Baseado em fábula de Esopo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário