O cachorro a quem o dono tinha cortado as orelhas permanecia deitado em um canto do jardim, chorando sua desventura. Entre um e outro ganido dolorido ele lamentava a má sorte que tivera, principalmente porque não conseguia encontrar um só motivo que justificasse aquela atitude impiedosa que o havia desfigurado para sempre. E o animal, transbordando de infelicidade, murmurava consigo mesmo:
- Que fiz eu para merecer tamanho castigo? E agora, como poderei aparecer diante de meus semelhantes dessa maneira? Eles por certo se rirão de mim, transformando-me em alvo de chacotas e pilhérias de toda a comunidade canina. Oh, deus dos cães, como sou infeliz!
Nesse momento um estranho aproximou-se da casa que o cão guardava, mas ao avistar aquele animal desfigurado que o fitava de modo tão estranho, o intruso assustou-se e fugiu em desabalada carreira, para se por a salvo do perigo aparente que lhe surgira à frente. Diante do ocorrido, o cão sem orelhas exclamou exultante:
- Que boa ideia a do meu dono! As pessoas passaram a ter mais respeito por mim como estou agora, sem orelhas mas solto, do que no que no tempo em que as tinha na cabeça, mas vivia preso a uma corrente.
Moral da história: Momentos difíceis podem ser superados com certa facilidade se ao invés de nos revoltarmos contra eles, tratarmos de nos ocupar com as coisas boas que a vida nos oferece.
Baseado em uma fábula de La Fontaine
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