Certa
ocasião, no céu grande e bonito, o Sol, depois de um dia de muito trabalho,
acordou a branca Lua e recomendou:
-
Amiga Lua, estou cansado e preciso dormir um pouco. Tome conta do céu e não o
deixe ficar escuro.
A
Lua levantou-se sem demora. Bateu palmas e chamou as estrelinhas.
-
Depressa, meninas, dizia ela. Depressa! Lavem-se ligeiro e escovem-se para
brilharem bastante. Lembrem-se de que temos que tornar nosso céu claro e
brilhante!
As
estrelinhas apareceram correndo e todas, muito alegres, começaram a lavar-se e
a escovar-se. E, coisa maravilhosa, à medida que se limpavam, brilhavam cada
vez mais. E como ficavam lindas!
Todas
não: havia uma que estava feia, ainda muito suja! Era a Estrelinha Azul.
A
Lua logo que a viu, falou zangada
-
Venha cá, Estrelinha Azul. Como é que você está assim tão suja, tão cheia de
pó?
A
Estrelinha Azul estremeceu de medo e respondeu atrapalhada:
-
É que ontem eu estava brincando de escorregar nas nuvens e fiquei cheia de
poeira...
-
Ontem? Disse dona Lua mais zangada ainda. Que vergonha! Então você dormiu
assim? Não faça mais isto! E limpe-se depressa, que está muito atrasada.
Estrelinha
Azul saiu ligeiro de perto de dona Lua e, enquanto andava, resmungava:
-
Não gosto de me lavar. Não gosto de me escovar. Não quero andar limpa.
-
Não diga tal coisa! Falavam-lhe as amiguinhas. Não sabe, então, que quando
estamos limpinhas nossa luz é vista da Terra? A estas horas todos lá devem
estar olhando para nós, achando nosso céu lindo, lindo!
Mas,
nem assim a estrelinha quis ficar limpa e fugiu depressa, toda suja, procurando
esconder-se de dona Lua.
Escureceu
mais ainda e o céu ficou cheinho de estrelas brilhantes. Entretanto, havia um
cantinho escuro onde nada brilhava. Era o lugar da Estrelinha Azul lá estava
ela, mas tão suja, que ninguém podia ver a sua luz. E assim estava o céu,
quando no meio da noite, passou o vento gritando:
-
Vai chover! Vai chover!
-
Depressa, depressa! Falou dona Lua às estrelas. Escondam-se atrás das nuvens para
não se molharem.
E
as estrelinhas muito nervosas, corriam de cá para lá até ficarem bem
escondidinhas na nuvem grande.
Dona
Lua contou-as. Faltava uma! Quem será?...Estrelinha Azul!
Onde
estaria ela? A cuidadosa Lua olhou para um lado e para o outro. Nada! Não via
coisa alguma. Então suspirou muito triste, procurando esconder-se também. Lá,
no cantinho escuro do céu estava a Estrelinha Azul, com muito medo da chuva.
Ela não queria molhar-se, mas não enxergava o caminho para voltar para sua
casa, a nuvem grande.
-
Ah! Se a dona Lua me enxergasse, ela me buscaria! Dizia, chorando. Mas, assim
como estou, ninguém me vê! Nunca mais eu ficarei suja, nunca mais!
Nisto
aconteceu uma coisa maravilhosa! Enquanto ela chorava, lágrimas foram
escorregando pelo seu rostinho, lavando-o. E começou a brilhar e seu brilho foi
se espalhando pelo céu. Do lugar onde estava, dona Lua viu aquela luz azul
fraquinha e, toda contente, gritou bem alto:
-
Venha, Estrelinha Azul, aqui está a nuvem grande! Corra, a chuva vem chegando!!
Estrelinha
Azul, ouvindo a voz de dona Lua, olhou e viu a nuvem grande iluminada agora
pelo seu brilho azulado. Correu depressa e escondeu-se bem escondidinha. E a
chuva chegou, molhando tudo, no céu e na Terra. Enquanto chovia, a estrelinha
foi depressa tomar banho e escovar-se para que brilhasse como as outras
estrelas. Choveu, choveu muito.
Quando
parou de chover, a estrelinha saiu correndo de trás da nuvem grande. E lá na
Terra, as pessoas olhavam para cima, e diziam:
-
Vejam a chuva parou e há uma estrela no céu. E como brilha!
Logo
as outras estrelas foram saindo de trás das nuvens e se espalharam no céu,
brilhando cada uma em seu lugar.
Porém,
entre todas, a Estrelinha Azul chamava a atenção, pelo seu brilho diferente, de
linda cor azulada.
E,
desse dia em diante, logo que levantava, a estrelinha dizia:
- Limpinha eu sou. E com razão. Pois gosto da água. E do
sabão!
Essa linda estorinha é de Irma de Castro Rocha (Meimei).
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