Essa história vem
de muito longe. De uma aldeia lá pros lados da África. Lá havia o rei Quitamba,
que vivia numa alegria danada. Todo dia ele dava festas na aldeia. Aquela
alegria foi durando, durando, durando... Até o dia em que a sua mulher, a
rainha, morreu. No dia em que isso aconteceu, o rei caiu numa tristeza danada.
Foi uma tristeza tão grande que ele baixou um luto lá na aldeia. A partir
daquele dia, ninguém poderia cantar, correr, moer farinha, casar, nada! Tinha
que ficar todo mundo caladinho. O tempo foi passando e a aldeia naquele luto
pesado; num silêncio total. Porém, um dia os homens da aldeia resolveram se
reunir para conversar com o rei e tentar assuntar; inventar alguma coisa para
acabar com a tristeza.
Foi quando o rei Quitamba falou:
- Eu só acabo com esse luto se vocês
ressuscitarem a rainha!
Os homens
abaixaram a cabeça pensando em como ressuscitar uma morta. Foi quando tiveram
uma idéia. Perto da aldeia havia um feiticeiro. Eles mandaram presentes para o
feiticeiro e o convidaram para vir até a aldeia. Mataram uma vaca, fizeram uma
comida muito boa e deram para o convidado. Quando esse estava bem alegre, eles
lhe contaram toda a história. Falaram que precisavam da ajuda do feiticeiro
para ressuscitar a rainha.
O feiticeiro disse que ajudaria aqueles homens.
Foi ao mato, colheu uma porção de ervas, entregou para cada um e disse:
- Vocês vão levar essa raiz, dar para o rei e
falar que todos os dias ele terá que tomar banho com ela.
Após falar isso, o feiticeiro disse que
acenderia uma fogueira e que no local do fogo, era para os homens cavarem uma
cova. Assim foi feito. O feiticeiro chamou sua mulher e disse:
- Agora, eu vou entrar com meu filho nessa
cova. Depois que eu entrar você tampa e vai regando com água todos os dias.
Passou a mão no menino e foi entrando para dentro da cova. A mulher fechou o
buraco. Eles andaram, andaram e chegaram numa aldeia. Era a aldeia de Calunga.
Nisso eles viram a rainha, que estava sentada. Ela ficou assustada e perguntou:
De onde vocês vieram? O que estão fazendo aqui?
O feiticeiro, então, contou tudo o que se
passara na aldeia.
A rainha, apontando para um lado disse:
-Você está vendo aquele ali? Ele é o Calunga. É
ele que toma conta de nós aqui. Depois que se entra aqui ninguém mais sai!
Em seguida, a rainha apontou para o outro lado
e disse:
- Agora você esta vendo aquele ali?
O feiticeiro olhou, olhou e reconheceu,
dizendo:
- Aquele é o rei Quitamba!
A rainha explicou que aquele não era o rei, mas sim sua imagem, pois esse não viveria por muito tempo, indo, em alguns anos, ficar com ela naquele lugar.
A rainha disse ao feiticeiro:
- Você volta para o reino, conta ao rei Quitamba toda essa história.
A rainha explicou que aquele não era o rei, mas sim sua imagem, pois esse não viveria por muito tempo, indo, em alguns anos, ficar com ela naquele lugar.
A rainha disse ao feiticeiro:
- Você volta para o reino, conta ao rei Quitamba toda essa história.
E para certificar o rei de que o feiticeiro
estava falando a verdade, a rainha lhe entregou uma pulseira com a qual havia
sido enterrada.
Eles se despediram e o feiticeiro foi embora levando a pulseira.
Do lado de fora, no mundo dos vivos, a mulher do feiticeiro passou dias a regar a cova. Foi quando ela viu a terra rachando e a cabeça do seu marido e seu filho aparecerem em meio à terra. Ela puxou os dois para fora.
Eles se despediram e o feiticeiro foi embora levando a pulseira.
Do lado de fora, no mundo dos vivos, a mulher do feiticeiro passou dias a regar a cova. Foi quando ela viu a terra rachando e a cabeça do seu marido e seu filho aparecerem em meio à terra. Ela puxou os dois para fora.
No outro dia, o feiticeiro reuniu novamente os
homens, entregou a pulseira da rainha e mandou que eles a levassem ao rei.
Assim foi feito. O rei, ao ouvir toda aquela história, ficou um pouco
desconfiado. Mas, quando viu a pulseira constatou que era tudo verdade. A
partir daquele dia a tristeza foi acabando porque o rei tinha agora a certeza
de que um dia iria reencontrar sua rainha. Novas festas voltaram a acontecer e
a alegria tomou conta do reino novamente. Porém, chegou o dia em que o rei teve
que ir para a terra de Calunga. E dizem que ele está lá até hoje, alegre, ao
lado da sua rainha!
(História gravada por Ana Paulo Oliveira, contada por Josiley Souza, em Belo Horizonte)
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