Era uma vez um camponês que tinha dois filhos. Os
dois já eram grandes e fortes. O pai costumava ir à floresta para cortar lenha
e sempre levava os filhos para ajudarem.
Um dia o velhinho pensou: “Meus filhos não sabem se
virar sozinhos, já são homens e está na hora deles aprenderem a não contar
sempre comigo”. Ele os chamou e lhes disse:
- Filhos, eu já sou velho e cansado, não vou ter
mais forças para ir à floresta com vocês. A partir de hoje vocês vão trabalhar
sozinhos.
- Mas, papai - reclamou o filho mais velho - nós
não sabemos trabalhar sozinhos. E se quebrar a nossa carroça, quem vai consertá-la?
- Se a carroça quebrar chamem a Desventura e fiquem
tranquilos, pois ela sabe ajudar as pessoas melhor que ninguém - respondeu o
velhinho.
Então, os dois rapazes foram tranquilos para a
floresta e trabalharam duro o dia inteiro. Ao pôr-do-sol a carroça estava muito
cheia e eles foram para casa. Mas no caminho, como a carroça estava
sobrecarregada, quebrou uma das rodas. Os rapazes ficaram apavorados. Não
sabiam o que fazer. De repente, o filho mais velho se lembrou do conselho do
pai. Foram então os dois jovens na beira da estrada e começaram a gritar:
- Desventura-a-a, oi desventura-a-a! A carroça está
quebrada-a-a... venha ajuda-a-ar - Mas nada. Ninguém respondia e a Desventura
não aparecia. Então, o filho mais novo disse para o irmão:
- Olha, irmão, eu acho que a Desventura está consertando outro carro por aí. Está ficando escuro, vamos tentar consertar a
roda nós mesmos.
Eles pegaram os machados, bateram de lá, bateram de
cá, no final conseguiram fazer a carroça andar.
Chegando em casa, os dois começaram a se queixar
para o pai:
- Papai, aquela Desventura nem apareceu, a gente
chamou, chamou e nada. Ainda bem que conseguimos consertar a roda sozinhos, se
fosse pela Desventura...teríamos ficado a noite toda na floresta”.
- Pelo contrario, respondeu-lhes o pai todo
contente - a Desventura estava lá o tempo todo e ensinou-lhes a contar com
vocês mesmos nos momentos difíceis. Estou muito orgulhoso por terem aprendido
bem a lição dessa boa “professora”.
(conto popular búlgaro)
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