Maria
estava a sonhar a meio da noite
e no sonho havia crocodilos que saíam de baixo da cama. Aproximavam-se cada vez
mais e iam ficando cada vez maiores. Abriam as bocarras e gritavam:
— Uuaah!
— Uuaah!
Maria queria fechar a boca de um
crocodilo pequeno mas ele ia ficando maior, cada vez maior… Então acordou. Será
que o crocodilo ainda estava debaixo da cama? Maria puxou os cobertores até ao
queixo. Um pouco mais tarde, espreitou com cuidado para debaixo da cama. Ai, se
o crocodilo a apanhava! De certeza que se escondeu no canto mais escuro!
Maria queria ir ter com o pai e com a
mãe mas, para isso, tinha de sair da cama e, de certeza que o crocodilo a
apanhava.
— Uuaah! — ouviu-se,
vindo de baixo da cama. Maria ouviu muito
bem! O coração batia cada vez mais depressa. De repente, a porta do armário
rangeu.
De certeza que estava lá dentro o
fantasma voador que tantas vezes andava pelo quarto. Maria estava sentada na
cama cheia de medo até que a boca se abriu sozinha e lançou um grande grito no
escuro. Mesmo grande! Tão grande, que era maior do que todos os crocodilos e
fantasmas!
O pai e a mãe ouviram o grito e
ocorreram imediatamente ao quarto da Maria.
— O que foi, Maria? — perguntou a
mãe.
— O crocodilo está ali… — balbuciou
Maria. — O fantasma enorme…
A mãe e o pai espreitaram por baixo
da cama, atrás dos cortinados, dentro do armário, mas não conseguiram encontrar
nenhum crocodilo nem nenhum fantasma gigante. Olharam um para o outro e o pai
teve uma ideia: foi buscar um grande rolo de papel e a mãe foi buscar tintas.
Começaram a pintar a meio da noite.
— Ele era assim? — perguntou o pai,
pintando um grande crocodilo numa enorme folha de papel.
— Não, tem de ser muito mais verde! —
exclamou Maria.
— Era assim? — perguntou a mãe,
desenhando uns grandes olhos.
E Maria começou também a pintar. Na
folha enorme, desenhou, com um pincel enorme, um enorme crocodilo e um enorme
fantasma voador com uns enormes olhos abertos. Por fim olhou, cansada
mas satisfeita, para o enorme crocodilo desenhado a preto e para o grande
fantasma a rir-se.
— Agora vamos mostrar ao crocodilo
como somos fortes! — disse a mãe.
— Exato, vamos expulsá-lo deste
quarto — anunciou o pai.
— Como? — Maria ficou com medo. É que
os crocodilos são fortes e perigosos.
— Muito simples! — respondeu a mãe,
fazendo um grande rasgão na boca do crocodilo.
— Agora o crocodilo já não pode
apanhar ninguém! — disse Maria.
— Vamos rasgar-te e depressa! — o pai
continuava a rasgar.
— Com alegria! — disse a mãe,
amarrotando o fantasma.
— Com força! — gritou Maria e, com as
mãos, rasgou a barriga do enorme crocodilo.
— Com esperteza! — disse o pai, que
foi buscar uma grande caixa de sapatos e deitou lá para dentro todos os pedaços
do crocodilo, grandes e pequenos.
— Ainda com mais força! — exclamou
Maria, calcando o fantasma com as duas mãos dentro da caixa.
— Com ímpeto! — disse a mãe,
amarfanhando a tampa contra a caixa.
— Com força e coragem! — disse Maria,
que pegou na corda de saltar, a atou com força à volta da caixa, à volta do
enorme crocodilo e do fantasma.
E levaram a caixa com o crocodilo e o
fantasma a reboque pelo quarto da Maria fora. O pai tocava uma marcha triunfal
com as bochechas. Maria marcava o tempo com as palmas das mãos e a mãe batia
com os pés. Juntos, amarraram a caixa fechada à cômoda da entrada. O crocodilo
fora derrotado e Maria sentiu-se, de repente, terrivelmente cansada.
Elisabeth Zöller
Stopp, das will ich nicht
Hamburg, Ellermann, 2007
(Tradução e adaptação)
Stopp, das will ich nicht
Hamburg, Ellermann, 2007
(Tradução e adaptação)
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