Num ano em que havia pouca comida, o Cágado pegou no dinheiro que tinha
economizado e foi a Nanhagaia onde comprou um saco de milho.
Quando voltava para casa, viu, a certa altura, um tronco de árvore
atravessado no caminho. Como não conseguia passar por cima dele, atirou o saco
de milho para o outro lado e depois foi dar a volta.
Quando estava a dar a volta, ouviu uma voz a gritar:
__Viva, viva, tenho um saco de milho que caiu lá de cima.
Era o Lagarto, que segurava o saco que o Cágado tinha atirado.
O Cágado protestou:
__ Não. O saco é meu. Comprei-o agora e vou leva-lo para casa.
O Lagarto não quis ouvir nada e levou o saco para casa dele, dizendo:
__Eu não o roubei a ninguém. Achei-o. Vou comer o milho porque encontrei o
saco.
O Cágado ficou muito zangado mas não podia fazer nada. Cheio de fome, no
dia seguinte foi com os filhos ver se encontrava alguma coisa para comer.
A certa altura, viram o rabo do Lagarto que saía de dentro de um buraco,
só com o rabo de fora.
O Cágado agarrou no rabo e numa faca e preparou-se para o cortar. Depois
de cortado, levou-o para casa e comeu-o com os filhos.
O Lagarto que, entretanto tinha conseguido sair do buraco, foi queixar-se ao responsável da
aldeia:
__O Cágado cortou-me o rabo. Mande-o chamar para ele dizer porque é que me
cortou o rabo.
O responsável convocou o Cágado e perguntou-lhe:
__É verdade que tu cortaste o rabo ao Lagarto?
O Cágado, que era muito esperto, disse:
__ É verdade que eu encontrei um rabo perto de um buraco e o levei para
casa para comer, mas não era de ninguém. Eu não vi mais nada senão o rabo.
__Mas o rabo era meu - gritou o Lagarto - tens de o pagar.
O Cágado respondeu:
__Não, não pago. Eu fiz o mesmo que tu fizeste ontem. Tu ontem encontraste
o meu saco de milho e comeste-o. Eu hoje encontrei o teu rabo e comi-o. Agora estamos pagos.
O responsável achou que ele
tinha razão e mandou-os embora.
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