Como todos os curumins, Cauê adorava brincar com pião, peteca, e também de pique-esconde, pega-pega, e muitas outras brincadeiras… era super divertido se reunir com seus amigos e passar quase o dia todo brincando e explorando a mata!
Aliás, Cauê adorava andar pela mata e ver tantos bichos diferentes: anta, sapo, jabuti, tucano, arara, mico-leão-dourado, onça, cobra… Cauê dizia que não tinha medo de nada e que podia até mesmo enfrentar uma sucuri se um dia desse de frente com uma.
Mas todo mundo tem medo de alguma coisa, não é? Só que às vezes a gente não quer admitir, e com Cauê também era assim… ele não dizia pra ninguém, mas cada vez que ouvia um índio contando que havia enfrentado um jacaré, ele tremia todo por dentro.
Cauê não podia nem se imaginar dando de cara com um jacaré… aquela boca gigantesca cheia de dentes enormes e pontudos… ai, que arrepio!
Certo dia, os amigos de Cauê o chamaram para dar uma volta de canoa no rio e pescar, e era justo um rio onde ele sabia que tinha muito jacaré…
– Vamos lá, maninho, vai ser chibata!
– Sabe, é que eu tenho que ir logo pra casa… a mamãe pediu minha ajuda pra fazer farinha…
– O que foi, mano? Tá com medo?
Cauê não podia deixar seus amigos achando que ele tinha medo de jacaré, pois ele era considerado um dos curumins mais corajosos entre eles, então ele foi.
Subiram todos na canoa – eram dez indiozinhos ao todo. O sol estava forte e o rio estava calmo, sem banzeiro.
Foram remando rio abaixo e todos estavam muito animados – menos Cauê, que olhava apreensivo para um lado e para o outro, atento a qualquer sinal de jacaré.
Então eles pararam no meio do rio para pescar e cada um lançou sua linhada na água. Tudo estava indo bem até que, DE REPENTE…
Cauê foi o primeiro a ver aqueles olhos horripilantes aparecendo por cima da água e se aproximando da canoa!
– Jacaréeeeeeeeeee!!!
Foi o maior alvoroço! Os indiozinhos começaram a remar desesperados em direção à beirada. O desespero foi tão grande que a canoa quase – QUASE – virou!
O jacaré, que estava faminto e doido para almoçar um indiozinho, abriu o seu bocão e nadou rapidamente atrás deles.
“Hum, hoje eu vou encher a minha pança com uns três indiozinhos!”, pensava o jacaré.
E quando ele estava quase alcançando a canoa… apareceu Ubiratã, o índio mais maceta e temido de toda a tribo, que já havia lutado com muitos jacarés, e que era muito famoso e conhecido entre os jacarés.
Esse jacaré já havia ouvido falar muito de Ubiratã e, quando viu que ele se aproximava para enfrentá-lo, achou que não valia a pena lutar com ele e que era melhor matar sua fome com uns peixes… então ele se virou e foi embora.
Quando viram o jacaré indo embora, os indiozinhos suspiraram aliviados e fizeram a maior festa!
– Ubiratã, ainda bem que você apareceu! Você nos salvou do jacaré!
Cauê era quem estava mais aliviado, claro, e decidiu, daquele dia em diante, tomar muito cuidado e não ir nadar ou pescar onde ele sabia que era perigoso, só porque seus amigos estavam chamando.
Afinal, certos medos são bons e servem para proteger a gente, não é mesmo?
PIM PIM RI RI PIM PIM, ESSA HISTÓRIA CHEGOU AO FIM!
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