Pepê estava muito triste. Mas tão
triste que ele até chegou a conversar sobre sua tristeza com o Pépe, seu irmão.
É que Pépe e Pepê eram irmãos gêmeos, daqueles bem parecidos mesmo. Tão
parecidos que só dava para perceber uma pequena diferença entre eles quando um
olhava para a direita e o outro para a esquerda.
O Pépe logo sacou qual era o problema
do Pepê: era mal de amor. Ah... era verdade. O Pepê estava loucamente
apaixonado pela moça mais linda do mundo. Ela era tão delicada, parecia até que
flutuava no ar... Cheirosa e sempre enfeitada – cada dia com um anel diferente.
O problema é que ela ficava muito,
muito longe do Pepê, parecia até que morava no céu, de tão alta e longe que
ficava. E o pior, ela sequer olhava para o Pepê.
E o Pépe, mais ousado, achava que o
irmão tinha que tomar uma atitude para chamar a atenção da moça. Ele tinha que
dar um jeito para que ela soubesse do amor dele por ela. Por isso, eles
traçaram diversos planos, mas nenhum deles deu muito certo. O Pepê chegou até a
inventar um rio – fundo e bem gelado – para todo mundo morrer afogado ou de
frio – menos ele e a moça, já que o rio tinha sido inventado por ele para
ela. Não que ele quisesse matar todo mundo, só o que ele queria, na
verdade, era poder ficar sozinho com ela, mostrar o quanto ele gostava dela.
Mas por alguma razão esse plano,
assim como os outros, também não deu certo. E o coraçãozinho do Pepê começou a
esmorecer, a sofrer. Sabe aquela dor de amor não correspondido? Pois é,
ele foi adoecendo, adoecendo. E o pior, sabe como são gêmeos, né? O Pépe
começou a sofrer e adoecer também.
E aí, parecia que o mundo ia ficando
cada vez mais difícil. Nada mais andava como deveria andar. Pépe e Pepê foram
ficando muito mal.
Até que um dia, alguma coisa mudou.
Era como se o mundo prestasse atenção neles. Era como se eles ao pudessem
ficar doentes, porque muita coisa dependia deles. Foi numa noite, em que Pepê
estava se sentindo muito doente, que aconteceu. Ele acordou com... carinho. Era
como se alguém estivesse massageando seu peito... E quando ele conseguiu
acordar direito para ver o que é que estava lhe provocando essa sensação tão
boa, ele a viu.
Era ela, mais linda que nunca,
fazendo massagem em seu peito, como que pedindo para ele ficar bem. E, naquele
momento de tamanha delicadeza, ele percebeu que a moça bonita também gostava
dele. E sentiu-se a mais feliz das criaturas. Olhou para o lado, procurando o
irmão e teve uma surpresa. Havia outra moça tão parecida quanto o seu grande
amor ali, junto. Era outra irmã, gêmea e tão linda quanto a moça que ele amava.
Pépe, muito danado, sorria satisfeito, enquanto dava uma piscadela para o irmão
apaixonado. Irmãos gêmeos, irmãs gêmeas. Tem coisa melhor que isso?
A partir daquele dia, ninguém mais os
separou. Pépe e Pepê, pés esquerdo e direito, casaram-se com as duas lindas
mãos que os massageava todas as noites. Quanto a Pepê, o pé apaixonado? Ah, o
coraçãozinho que batia dentro do peito daquele pé seguiu a vida cheio de
amor.
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