Um rei tinha uma filha que era toda sua alegria e, quando precisou partir para guerra, ficou muito preocupado com a princesa. Percebendo sua aflição, ela lhe disse:
“Vá em paz, meu pai, e volte em paz. Estarei aqui, esperando por você”. Depois que o rei partiu, a princesa passava os dias junto à janela, bordando um lenço para ele. Uma tarde uma águia dourada se aproximou da janela e falou:
“Borde, Alteza! Há de se casar com um morto”.
“O que quer dizer com isso?”, ela perguntou espantada.
“Monte em meu dorso e saberá”, a águia respondeu, carregando-a para um lugar muito distante, onde a deixou perto de um poço.
A princesa desceu no poço e lá no fundo encontrou um príncipe que jazia na cama, tendo ao seu lado uma placa:
“Se tiver piedade de mim vele-me por três meses, três semanas e três dias. Quando eu espirrar, diga: ‘Deus o abençoe e lhe dê longa vida!’. Então acordarei e me casarei com você”.
A princesa sentou à cabeceira do jovem e velou-o por três meses e três semanas. Todos os dias, ao despertar, encontrava uma bandeja de comida e água, mais nunca via ninguém. Certa manhã escutou uma moça perguntando:
“Quem precisa de empregada?”.
“Ei, olhe para baixo!”.
Como a jovem parecia bondosa, contratou seus serviços e lhe contou tudo sobre o príncipe. As duas passaram o dia conversando, e à noite a moça falou:
“Agora vá dormir. Ficarei velando e, se ele espirrar, eu a acordarei”.
Assim que a princesa dormiu, o rapaz espirrou e a criada falou:
“Deus o abençoe e lhe dê longa vida!”. O jovem acordou e a abraçou cheio de felicidade.
“Você me libertou de um encantamento e será minha esposa.”
Pouco depois viu a princesa dormindo no chão e perguntou:
“Quem é?”.
“É minha empregada. Deixe a coitadinha dormir em paz e, de manhã, mande-a cuidar dos gansos.”Quando a princesa despertou, a criada lhe disse:
“O príncipe acordou e falou que quer se casar comigo e que de hoje em diante você tem que cuidar dos gansos.”
Naquela tarde o rapaz reuniu as duas e perguntou a cada uma delas que presente gostaria de ganhar.
“Uma coroa de diamantes”, a empregada declarou.
“A pedra do moinho da paciência, a corda do carrasco e o facão do açougueiro”, respondeu a princesa.
O príncipe lhes deu o que queriam e logo mais, à noite, passou por perto do quarto da guardadora de gansos e ouviu a pobre contando sua história aos objetos que ganhara.
“O que devo fazer?”, perguntou a princesa.
“Tenha paciência”, respondeu a pedra do moinho.
“Corte a garganta”, sugeriu o facão.
“Enforque-se!”, aconselhou a corda.
Nesse momento o príncipe entrou correndo no quarto.
“Não faça nada disso!”, gritou.
“Você é minha verdadeira noiva, e a outra moça não passa de uma mentirosa. É ela que deve morrer na forca!”
“Não! Ela quis me prejudicar, mas deixe-a ir embora. Apenas me leve para casa de meu pai e se case comigo.”
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