Desde que Sara nasceu que a sua vida foi passada num orfanato, com
poucos dias de vida deixaram-na à porta com o seu vestido branco
Já tinha cinco
anos e era uma criança triste e solitária. O Natal estava próximo e como todos
os anos Sara esperava paciente pela noite de consoada para pedir o seu desejo.
Um desejo que era sempre o mesmo: desejava uma família. Uma noite ao dormir
teve um sonho muito bonito: viu-se a brincar com uma irmã pequena enquanto uma
mulher lhes trazia o lanche e as chamava com carinho de filhas. Era muito real,
as ao despertar tudo voltou ao normal. Este sonho repetiu-se por outras noites,
mas noutras situações: Sara via-se a correr para os braços do seu pai e a
enfeitar a árvore de Natal com a sua família. Tudo era tão real que por
momentos pensou que afinal o que era sonho era a sua vida no orfanato. Passava
as noites felizes e o único erro era acordar na sua triste cama do orfanato.
Chegou a véspera de Natal e Sara antes de ir dormir pediu o seu desejo
de Natal: não acordar nunca. Sara dormiu e de novo entrou no seu mundo feliz.
Nesta ocasião passava o dia no jardim a brincar com o seu cão e a correr sem
parar. Deitou-se na relva e fechou os olhos, não queria dormir para não
despertar na realidade, porém acabou por fazê-lo pois estava muito cansada.
Quando abriu os olhos já estavam cobertos de lágrimas, mas o brilho do sol fez
com que Sara soltasse uma gargalhada. Tocou a erva molhada com as suas mãos e o
seu cão lambeu-lhe a cara. Ao longe ouvia-se a voz da sua mãe que a chamava
para almoçar. Sara nunca mais voltou para o orfanato, este converteu-se num
pesadelo que com o tempo esqueceu por completo. Mas sempre sentiu uma certa
debilidade quando já crescida via as crianças do orfanato de S. Antônio
passarem de uniforme e em fila. Foi assim que acabou por ir trabalhar para lá,
fazendo as crianças felizes e cumprindo muitos dos seus grandes desejos de
Natal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário