O LEÃO E O MOSQUITO






O dia era de calor insuportável e por isso o leão procurava descansar à sombra reconfortante de uma árvore frondosa. Mas não conseguia fazê-lo em paz porque um mosquito não lhe dava sossego, atormentando-o com o zumbido de seu voo e a ardência que suas picadas provocavam. Irritado com o incômodo que o pequeno inseto lhe causava, leão rugiu ameaçador:

- Some daqui, bicho insuportável! Vai-te para longe, miserável!...

O mosquito não gostou da forma encolerizada como fora tratado, e por isso revidou com atrevimento:

- Se estás pensando que tua condição de rei dos animais vai me amedrontar, estás redondamente enganado. Caso não saibas, outros animais de tamanho bem maior que o teu não conseguem me assustar, e já que é assim, prepara-te, porque a guerra entre nós dois vai começar agora.

E dizendo isso se atirou com raiva sobre o peito do leão, procurando depois sua barriga, em seguida o focinho, o dorso e outras partes onde o pelo do adversário era mais ralo, e nos lugares em que pousava tratava logo de perfurar-lhe a pele com seu bico em forma de agulha, longo e afiado. Isso foi enfurecendo cada vez mais o poderoso monarca porque este sentia a dor da picada mas não conseguia avistar o mosquito, e por esse motivo os olhos da fera passaram a faiscar de raiva, da boca lhe brotou a espuma da cólera, sua cauda passou a chicotear o ar em todas as direções, enquanto as garras batiam com violência em seu próprio corpo, aqui, ali e acolá, inclusive cortando-lhe a pele e fazendo-a sangrar. E assim ficou ele se contorcendo violentamente durante vários minutos, até que,

completamente esgotado, estirou-se no solo, totalmente indefeso.

Vendo isso o mosquito se encheu de orgulho, sentindo-se glorioso, triunfante, invencível. E lançando ao leão prostrado um olhar de profundo desdém, partiu em voo cantado disposto a anunciar a todos a grande vitória conquistada. Mas nem bem saiu do lugar e sua carreira foi interrompida por uma teia de aranha quase invisível, onde ele ficou imobilizado, sem outro recurso senão esperar que a morte viesse colocar um ponto final em sua vida de proezas.

Moral da história: O inimigo mais perigoso é sempre o que consideramos como o de menor importância.

Baseado em uma fábula de La Fontaine.

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