O MENINO E A MOEDA



 
  
Um menino queria comprar uma bolinha de gude para completar sua coleção. Sem dinheiro, ele caminhava por uma estrada e, em certo trecho, achou uma moeda. Abaixou-se para apanhá-la. Neste instante passou por ele, voando, uma nota de maior valor. Ele largou a moeda e saiu correndo para alcançar a nota. Com ela poderia comprar muitas bolinhas de gude, sonhava. Quanto mais ele corria mais a nota se afastava. Furioso, o menino gritou:
- Olá “seu” vento! Esta nota não te pertence, por que a levas para longe?
O vento, zunindo forte, respondeu:
- Quero ver o que és capaz de fazer por ela. Ela é um sonho, o desejo de querer mais e mais, também chamado de ganância, a certeza tu a deixaste para trás.
E lá se foi o menino disputando com o vento a posse da nota. Subiu e desceu morros, embrenhou-se no mato, e o vento continuava rindo dele levando a nota para bem distante. Depois de muito tempo de corrida, já cansado, o menino percebeu que estava se aproximando da borda de um precipício. Parou. O vento continuou levando a nota até que ela despencou, abismo abaixo, caindo nas águas do mar. Foi como acordar de um pesadelo. O pobre menino pensou:
- Tanto trabalho para nada. É melhor eu voltar e pegar a moeda. Com ela eu posso comprar a bolinha que me falta.
Voltou ao local onde deixara a moeda, mas ela havia desaparecido. Algum passante encontrou e levou a moeda com ele.
- Ta vendo! – pensou o menino -, quem manda trocar o certo pelo incerto! Não tenho a moeda nem a nota e, muito menos, a bolinha que me falta.

 Maria Hilda de J. Alão.


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