A aranha precisava encontrar urgentemente um lugar para morar, e por isso andava pelas paredes da casa em que entrara, à procura de um canto onde pudesse abrigar-se adequadamente. Caminhou para cá, caminhou para lá, olhou de um lado, olhou de outro, e já estava se sentindo cansada de tanto bater perna sem descobrir o que desejava, quando resolveu verificar mais de perto a fechadura de uma porta.
Ela a examinou com cuidado e atenção, primeiramente por fora, depois por dentro, e acabou chegando à conclusão de que finalmente achara o lugar ideal para esconder-se, não só porque seria quase impossível a alguém desconfiar que aquele buraco metálico havia se transformado em moradia, mas principalmente pelo fato de que o lugar permitia a quem nele morasse, uma visão ampla e perfeita de tudo o que acontecesse tanto de um lado da porta, como de outro. Satisfeita, a aranha pôs-se a então a imaginar:
- Lá no alto da porta eu posso tecer uma teia bem trabalhada, onde com toda certeza pegarei muitas moscas; e também uma outra lá na parte de baixo, perto do chão, que é por onde andam os besourinhos. E aqui no meio, bem junto às duas entradas da minha nova casa, uma terceira armadilha, na qual conseguirei armazenar uma boa provisão de mosquitos.
A aranha estava mais que radiante com a fechadura que acabara de descobrir, uma autêntica fortaleza de ferro, estreita e aparentemente inexpugnável, e isso lhe dava uma sensação de segurança como jamais sentira em qualquer outro momento da vida. E ela permanecia assim, embalada pelo sentimento de confiança absoluta no futuro tranquilo e confortável que o destino havia lhe reservado, quando de repente, ouviu o som de passos que se aproximavam.
Amedrontada, a aranha correu depressa para o fundo do buraco da fechadura, sem desconfiar que a chave era a legítima proprietária do mesmo, e fora justamente ela quem acabara de chegar e ser colocada em seu lugar, expulsando a invasora da moradia que sequer havia conseguido inaugurar.
Moral da história: Ninguém deve alimentar a ideia de que pode apoderar-se das coisas que já têm dono.
Baseado em fábula do mesmo nome, de Leonardo da Vinci.
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