A BOLA E O BOLO BRANCO


Tagobar era um ratinho bem pequeno.
Por isso mesmo vivia ainda com sua mãe. E nunca havia saído da sua toca.
Mas cresceu e cansou-se de ficar ali. Chegou para sua mãe e disse-lhe: mamãe! Quero sair e conhecer o mundo!
 -Meu filho. Sabia que isso iria acontecer qualquer dia. Não devo impedir-lhe. Pode ir. Mas devo dar-lhe alguns conselhos.
A casa onde moramos é muito grande. E nossa toca fica na sala de visitas. Quando você sair vai encontrar muita coisa nova, móveis, tapetes, mesas, cadeiras e um enorme aparelho de televisão. Poderá percorrer todo o aposento e brincar a vontade.
Mas muito cuidado quando você encontrar a bola branca. Chama-se novelo de lã. É da dona da casa que costuma tricotar . Mas perto dele costuma ficar um bicho muito feroz e perigoso que se chama gato. É o nosso maior inimigo.
Quando você o avistar desvie e passe bem longe dele.
O outro quarto que você vai entrar em seguida é a cozinha. Sei que você vai adorar porque tem bastante comida. Brinque e coma a vontade mas muito cuidado com o bolo branco. Chama-se queijo e é uma das coisas mais gostosas que existem.
Mas, geralmente, perto dele costuma ficar uma arma terrível e extremamente mortífera. É a ratoeira. Afaste-se dela pois ela pode matar.
Tagobar ouviu tudo direitinho e com muita atenção. Depois pegou sua mochilinha, despediu-se de sua mãe e saiu para conhecer o mundo.
Ficou deslumbrado com a sala. Encontrou alguns móveis grandes que nunca imaginou pudessem existir. Brincou a vontade com tudo que achou, rolou e se divertiu a valer.
De repente avistou a bola branca. O novelo de lã, reconheceu!
Bem ao seu lado um bicho peludo e feio que dormia.
Esse é o gato que minha mãe contou.
Resolveu sair logo dali, passando bem longe desse animal perigoso. E entrou num outro quarto bastante iluminado.
Deve ser a cozinha, pensou.
Gostou muito dela. Entrou em vários armários e achou comida a vontade. Divertiu-se bastante, roeu e  experimentou um pouco de tudo. Comeu até demais.
Foi quando viu o bolo branco. É o queijo, já sabia! E viu, bem ao lado uma máquina montada que poderia matar.
Olhou-a de longe e resolveu ir saindo.
Foi então que viu uma porta que dava para um corredor escuro. Engraçado, pensou. Minha mãe não falou dele. Aproximou-se com cuidado dessa entrada. Olhou bem, não viu nenhum perigo e, resolveu entrar.
Era um pequeno corredor. A única coisa que tinha era uma comprida escada de madeira. E, no alto dela outra porta, pequena, também de madeira.
Resolveu subir e investigar.
Tagobar não sabia mas era o sótão da casa onde estavam guardadas todas as bugigangas descartadas. Uma misturada de coisas de tudo que era tipo, bem velhas, todas com forte poeira a cobri-las.
Tagobar sentiu-se em casa, pois era o que mais gostava para brincar.
E divertiu-se a valer mexendo com tudo, divertindo-se e rolando a vontade.
Entretanto, não sabia, mas não estava sozinho. Nesse local vivia um pequeno morcego.
Que assustou-se com todo o movimento e confusão que Tagobar fazia. E começou a voar em círculos procurando um local para se esconder.
Tagobar nunca vira nem ouvira falar desse bicho mas também se assustou.
Saiu correndo pela porta. Desceu rapidamente a escada, passou pela cozinha e nem ligou para o bolo branco nem pela ratoeira armada. Entrou na sala e cortou caminho sem se importar com a bola branca, quase passando por cima do gato que ainda dormia.
E entrou em casa chamando pela sua mãe.
Mãe! Mãe! Mãe!
Sim Tagobar! Porque está assustado? O que aconteceu?
Mamãe! A senhora não vai acreditar!
Mas eu vi um anjo!



Pedro Vicentini

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