Toco era um burrico muito feliz era o caçula de três irmãos. Toco era mimado
por todos. Não trabalhava ainda, pois era muito jovem. Eles viviam num sítio no
interior de uma grande cidade. O sítio vivia da pequena agricultura e seu
proprietário cultivava verduras que vendia com exclusividade para alguns
restaurantes da cidade.
O
sítio era muito bonito e bem tratado.
Toco
adorava correr na grama verdinha aproveitando seu delicioso sabor.
Toco
era muito feliz!
Seus
pais e seus dois irmãos trabalhavam duro para darem conta das entregas que o
sítio fazia diariamente no mercado próximo, onde os caminhões viam buscar as
verduras para entregá-las aos restaurantes. Os pais de Toco eram felizes, mas
seus dois irmãos eram muito revoltados. Não gostavam de trabalhar e invejavam a
liberdade de Toco.
Todos
os dias, quando sua família saía para as entregas, Toco ficava na porteira,
despedia-se alegre e sempre queria ir junto. Não entendia porque não trabalhava
também e quando seu pai explicava que ainda era muito jovem, respondia que era
forte e daria conta. Toco queria ficar perto da sua família e os esperava
ansiosamente todo fim de tarde.
Postava-se
na porteira em companhia de seus amiguinhos o coelho, o cão negrito e a
bezerrinha Amélia. Toco adorava brincar, mas queria fazer mais, queria
trabalhar ajudando a sua família.
Seus
irmãos caçoavam dele o chamando de bobo.
-
Trabalhar é ruim, dizia um.
-
Por que quer trabalhar, se tem liberdade? Falava o outro.
Mas
o burrico Toco não percebia as dificuldades que os irmãos falavam, ele na
verdade percebia o bom de estar junto com a família.
Um
dia, na volta do trabalho, um dos irmãos de Toco pisou numa grande pedra e
machucou o casco. Foi tão grave, que sangrou muito, tendo que ser cuidado pelo
veterinário que recomendou o afastamento do trabalho por um bom tempo.
O
dono do sítio ficou pensativo, tinha muita encomenda e não seria possível
transportá-la em apenas três carroças.
-
O que fazer? - Perguntou ao amigo veterinário.
-
Bote o burrico Toco no lugar do irmão, ele é forte e dará conta. - Disse o amigo.
-
Será? Toco é tão novinho ainda, terá responsabilidade? - Indagou o dono do sítio.
-
Claro! Ele dará conta. - Afirmou o veterinário que cuidava dos animais do sítio e
conhecia todos eles.
-
Bom, amanhã tentarei. - Disse o dono do sítio.
O
irmão de Toco que se machucou, apesar da grande dor, ficou feliz por não fazer
nada por um longo período. Não se conformava em ter que trabalhar.
O
outro irmão foi logo dizendo:
-
Agora Toco, você vai ver o que é bom! Sempre mimado, poupado, descansado e nós
no pesado. Quero só ver se continuará querendo trabalhar! Disse com ironia o
irmão mais velho de Toco.
Mas
Toco não se abalou, estava ansioso por começar e nem reclamou em ir dormir,
queria que amanhecesse logo para ir com a família até o mercado.
Ainda
não tinham saído os primeiros raios de sol e Toco acordou. A arrumação era bem
cedinho, pois a caminhada era longa até o mercado.
Toco
foi arrumado à frente da carroça e não gostou muito de ser preso pelas amarras,
mas colaborou. Estava feliz!
Os
pais de Toco e o irmão mais velho observavam as reações de Toco.
Seu
irmão pensava: “Só quero ver quando ele começar a puxar o peso vai com certeza
reclamar”.
Toco
não reclamou, estranhou um pouco, mas não enfraqueceu.
E
lá foram os quatro estrada a fora, conduzidos pelos empregados do sítio. Toco
estava maravilhado! Nunca tinha saído do sítio e se encantava com cada coisa
que via.
A
estrada, as árvores altas, os pássaros, um riacho ao fundo, uma montanha ao
longe.
Toco
gargalhava levantando a cabeça num gesto de contentamento.
Sua
alegria era tanta que não se incomodou com o ritmo da caminhada. Seus pais
estavam contentes com o que viam, mas seu irmão ficava cada vez mais irritado
em perceber a capacidade de Toco em transformar as dificuldades em prazer.
Dizia para si. “Isso é hoje, porque é novidade, vamos ver nos próximos dias”.
E
os dias foram passando e Toco cada vez mais feliz. O exercício fez muito bem a
Toco que foi ficando cada vez mais forte.
Sua
alegria estimulava os pais que aprenderam a não sentirem mais o peso da carga.
Seu irmão não se conformava e propositadamente foi em direção a uma árvore
batendo com força quebrando a carroça e se machucando.
Precisou
ser afastado também. Era o que queria, tinha que provar que Toco não aguentaria
um trabalho forçado.
Sem
alternativa, o dono do sítio teve que dividir a carga somente em três carroças
sobrecarregando o burrico Toco e seus pais.
Toco
vendo aquilo se dispôs com mais vontade, não queria que seus pais fossem
sacrificados ao extremo e demonstrando animação postou-se com sua carroça a
frente para que ela fosse mais carregada do que a da sua mãe.
O
dono do sítio compreendeu a sua atitude poupando a carroça da mãe de Toco do
peso. E lá se foram estrada a fora.
Toco
continuou feliz, prestativo e firme. Não deixou um só dia de louvar e se
maravilhar com tudo que via, sempre mostrando os dentes de felicidade.
O
tempo foi passando e os irmãos de Toco se recuperaram, presenciaram a boa
vontade de Toco por todos os dias em que trabalhou sem eles.
Tiveram
que dar o “braço a torcer” e aceitarem que o trabalho é bom, quando se é bom de
coração, o trabalho é fácil, quando se tem boa vontade, o trabalho é rico,
quando se aproveita positivamente o seu ensinamento.
Toco
provou para os irmãos que a união é importante, que a família precisa estar
junta e que ser feliz é fazer felicidade dia a dia diante das provas que a vida
dá.
Os
irmãos de Toco voltaram a trabalhar e a carga foi mais dividida, dessa forma o
dono do sítio aposentou a mãe de Toco que pode descansar, para esperar mais um
burrico que vinha por aí.
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