Pipa a locomotiva abandonada








     Pipa era uma locomotiva que trabalhava levando carvão da estação das minas para o porto. Pipa vivia suja, por isso sempre estava séria e mal humorada. Ela era uma locomotiva Maria fumaça pequena com três vagões com estrutura de madeira.
Pipa trabalhou todos os dias por trinta anos sem parar.
Um belo dia viu chegar outra locomotiva bem maior, toda em aço, com os vagões enormes e com um motor mais potente.
Pipa ficou admirada.
- Será que vamos trabalhar juntas? Pensou.
Mas que nada! Pipa foi aposentada num trilho desativado próximo a uma fazenda. E a locomotiva nova tomou o seu lugar. Pipa ficou muito triste, pois se sentia forte e com capacidade para transportar muito carvão ainda.
Pipa chorou, chorou por vários dias.
Uma fadinha que passava por lá, vendo a tristeza de Pipa, fez com que ela adormecesse, assim não sofreria mais.
- Pipa só acordaria se pudesse ser útil novamente. Disse a fada tocando sua varinha em Pipa. E assim foi feito.
Os anos foram passando, o mato crescendo e Pipa ficou escondida e protegida pela natureza.
Perto dali, numa pequena fazenda, morava o Seu João, cujo filho adorava bichos. Seu João ficava doido com tanta bicharada que seu filho levava para a fazenda.
     Paulinho, filho do seu João, desde criança amava os bichinhos. Era cachorro, gato, pato, coelho, burrinho, ganso, porco, cavalo, boi, vaca. Nada anormal, pois moravam numa fazenda, mas Paulinho queria mais e muitos e seu João enlouquecia, pois Paulinho não queria que vendesse nem desse nenhum dos bichos da fazenda e não era só isso, queria macaco, pato, aves de toda espécie, cobra, gambá... E já imaginaram como era na fazenda?
Num dia de desespero, Seu João falou para o filho: - Comprei um terreno para você meu filho. Vou construir um celeiro, um viveiro e vários cercados, para você colocar a sua bicharada. Venha conhecer, é logo aqui ao lado, próximo a um trilho desativado das carvoarias. Tem um lago e bastante verde.
Paulinho ficou radiante. Mas como transportar tantos bichos para lá? Ficou com essa dúvida na cabeça.
Um dia, voltando com seu pai da construção, resolveu explorar aquela área, pois achou estranha aquela vegetação alta cobrindo parte do velho trilho.
Paulinho era muito curioso. Seu pai recomendou:
- Cuidado Paulinho, pode ter alguma cobra.
- Ora pai, deixa que eu cuido dela. Falou Paulinho gargalhando. Então, lá foi ele ver o que tinha ali.
E assim, empurra daqui, afasta dali, puxa de lá e qual a surpresa? Paulinho se deparou com aquela locomotiva ali parada toda tomada pelas plantas.
Paulinho chamou o pai e mostrou a ele a descoberta.
Ficaram surpresos e logo Paulinho foi falando:
- Pai, olha só, achamos o transporte para os animais.
Seu João animado concordou. Providenciou para que fosse retirada toda a vegetação que cobria a locomotiva e imediatamente uma revisão geral.
Paulinho reparou que no vagão principal estava escrito em vermelho a palavra PIPA e então resolveu batizar a locomotiva com esse nome.
Quando foi colocada lenha e ativada a sua máquina, como num passe de mágica pipa despertou.
Estava limpa, pintada e colorida. Nas laterais de seus três vagões tinham vários bichinhos pintados e a descrição “Fazenda Feliz”.
Mas o mais surpreendente para Pipa foi perceber que não mais carregava carvão e sim vários animais que faziam uma barulheira só.
Pipa abriu um sorriso e desde então passou a servir a fazenda do Seu João que comprou ela das carvoarias.
Paulinho cresceu, estudou veterinária e Pipa sempre pra lá e pra cá com seus companheiros... Burrinhos, bezerrinhos, porquinhos e até um avestruz que Paulinho resolveu levar para o seu sítio... Aquele ao lado da fazenda que seu pai construiu para ele.
Pipa nunca mais chorou e lá de cima brilhando, a fadinha sorriu feliz.
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