Rana e Ana as gêmeas diferentes.








     Rana e Ana eram irmãs gêmeas. Foram geradas em uma só placenta assim eram iguaizinhas.
Uma tinha o cabelo pretinho, a outra também.
Uma tinha a pele clarinha, a outra também.
Uma tinha duas covinhas, a outra também.
Uma tinha uma pinta do lado direito da testa, a outra também.
Uma era chorona, a outra não...
Ops, mas não eram iguaizinhas?  Parece que não.
     Desde bem pequenininhas que Rana e Ana já mostravam suas diferenças.
Rana acordava toda hora querendo mamar, Ana era dorminhoca e tinha que ser acordada para que não passasse muito da sua hora de tomar a mamadeira.
Rana não parava quieta e quando tinha dois anos subiu no berço caindo no chão cortando a testa.
Ana ficava horas no berço brincando quietinha com seus bichinhos sem reclamar.
     Quando foram para a escola, ficaram na mesma sala e Rana aprontava de montão, mas quem sempre “pagava o pato” era Ana que sempre era confundida com a irmã.
Ana adorava comer cenoura, Rana se recusava a comer.
Rana queria assistir as super poderosas e Ana queria ver os bebês Disney. Era uma confusão total.
     A mãe das gêmeas adorava vestir as meninas com roupas iguais e quando iam ao shopping Rana aprontava nas lojas e como nunca ninguém sabia quem era quem, Ana acabava levando bronca também. Ana já não aguentava mais.
     Quando as gêmeas fizeram cinco anos, foi a maior confusão, pois Rana queria festa das super poderosas e Ana queria comemorar no Mac Donald assim, acabaram indo passear na Quinta da Boa Vista, mas até lá deu ti ti ti porque Rana queria pipoca e Ana algodão doce.
Um belo dia, a mãe das gêmeas deu por falta de Rana. Procurou e verificou que só a Ana estava na sala assistindo televisão.
- Onde estaria Hana? Perguntou-se.
     A casa estava muito silenciosa e não era de costume a Ana estar assistindo a televisão sossegada, pois sempre a Rana a perturbava querendo trocar de canal.
Resolveu procurar no quintal e qual foi a surpresa? Lá estava Hana quietinha em um canto e a sua volta cinco gatinhos bem pequenininhos, e o mais curioso, todos do mesmo tamanho e da mesma cor.
Hana quando viu a mãe gritou alegre:
- Mãe, vem ver o que achei aqui no quintal. Olha só quantos gatinhos e todos iguaizinhos!
     Ana ouvindo os gritos da irmã foi ver o que estava acontecendo e percebendo o movimento correu para ver os gatinhos também.
     As duas ficaram encantadas, pois eles eram todos do mesmo jeitinho, pequenininhos, amarelinhos e brincavam felizes.
     A mãe das meninas vendo aquilo, não perdeu a oportunidade. Com doçura, mostrou as gêmeas que mesmo sendo iguaizinhos, os gatinhos mostravam suas preferências.
Um rolava no chão, o outro mordia o sapato de Rana, aquele lá pulava de um lado para o outro, um adiante miava e se coçava. Eles eram iguais, mas diferentes em suas preferências e eles não brigavam.
     Mostrou que elas também eram iguais, mas que não precisavam brigar pelo que gostavam, e, que mesmo tendo nascidas gêmeas idênticas poderiam ter suas preferências. Cortando os cabelos de forma diferente, usando roupas de suas preferências, frequentando lugares que mais lhe agradassem e sendo felizes nas diferenças dentro das semelhanças.
     Rana e Ana entenderam direitinho a lição que a mãe quis ensinar para elas e daquele dia em diante Rana não mais aborreceu Ana e por sua vez, Ana aceitou com mais paciência o jeito agitado de Rana.
Cada uma respeitando os sentimentos, gostos e preferências uma da outra.
Ah! Já ia me esquecendo dos gatinhos. As gêmeas os adotaram, mas uns permaneciam lá o tempo todo já os outros preferiam a liberdade da rua indo e vindo quando queriam.


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