Certo dia a mosca desentendeu-se com a formiga e por isso lhe disse presunçosa:
- Olha como falas comigo! Enquanto eu vivo livre e desimpedida nas alturas, tu caminhas somente pelo chão, e mesmo assim com grande esforço, porque precisas lutar a todo instante com os obstáculos que encontras pela frente. Eu moro em palácios e mansões, enquanto tu te escondes em uma cova escura e abafada. Minha alimentação é farta, rica e variada, enquanto tu tens que roer os grãos duros do trigo e da cevada para continuar vivendo. Em outras palavras, minha vida é boa e confortável, enquanto a tua é toda ela de muito trabalho e extrema fadiga.
Ouvindo isso, a formiga respondeu:
- Ora, dona mosca, essa tua mania de grandeza não tem o menor sentido, pois que importância tem que eu viva cá por baixo andando pelo chão, ou então que me esconda em uma cova, como dizes? Não te esqueças que essa cova é minha, pois fui eu mesmo que a fiz, ao passo que a casa onde moras não é tua, mas do dono que te enxota assim que te avista, pois não fazes outra coisa senão zunir e aborrecer os outros. Quanto à comida, nós duas a conseguimos praticamente da mesma forma, e por isso a minha não tem nem melhor nem pior sabor que a tua. A verdade é que ao invés de desperdiçar o meu tempo em preguiça e indolência, prefiro trabalhar o dia inteiro para garantir não só a minha segurança, como as minhas provisões do inverno, e por isso sou elogiada por esse meu esforço e diligência, enquanto tu, que és imprestável e importuna, e vives sendo escorraçada por tudo e por todos, vais acabar morrendo de fome ou então tremendo de frio sob o vento implacável e impiedoso que tua raça tanto teme.
Moral da história: Quem trabalha, tem; quem malandra, não tem.
Baseado em uma fábula de Leonardo da Vinci
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