A SUGESTÃO DA ESTRELA







O Todo-Poderoso, depois de criar a Terra, subiu ao céu, sentou-se numa nuvem e de lá ele se pôs a apreciar a sua obra. Nada tinha defeito: o mar, os rios, as florestas, os bichos, os insetos, as flores e os pássaros. Tudo estava harmônico. Cansado de observar e não ver defeitos, Deus subiu para sua morada que fica lá nos confins do Universo.

Passados sete dias ele voltou. Sentou-se na mesma nuvem e olhou para baixo. Nada havia mudado. Deus, franzindo a testa, disse para a estrela que o acompanhava:

- Toda a obra está perfeita. Eu penso que não será preciso corrigir nem acrescentar nem tirar nada. Qual a sua opinião?

- Senhor, com todo o respeito, há uma falha na criação...
- Como? Qual foi o erro que eu cometi? – perguntou Deus.
- O som. Veja tudo é belo, belíssimo, mas tudo é mudo, mudíssimo... – respondeu a tímida estrelinha companheira do Pai Celeste.

O Senhor, olhando com mais atenção, concordou, em parte, com a estrela dizendo não ser uma falha, um esquecimento, sim. A estrela continuou falando:

- Veja, Senhor, aquele canário ali na árvore. Ele é perfeito, mas se tivesse som alegraria a floresta... e o rio ali adiante, se tivesse som... é só uma sugestão...

- É verdade. Um pássaro mudo não serve para nada, um rio mudo... É como uma flor sem perfume. – concordou o Senhor.
E, a partir daquele instante, Deus deu o dom da voz aos seres da sua criação, de acordo com a espécie de cada um, por causa da sugestão de uma estrelinha observadora. E é por conta desta história que o pinto pia, o gato mia, o cão ladra, a galinha cacareja e o galo canta. Entendeu, menino?

- Entendi, vovó!
- Então vá terminar a sua lição de português sobre as vozes dos animais.


Maria Hilda de Jesus Alão


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