A PULGA E O CARNEIRO







Príncipe era um cachorro que ajudava a vigiar um punhado de ovelhas enquanto elas se alimentavam no pasto. Em seu pêlo morava uma pulga que não tinha o que reclamar quanto ao conforto e fartura de alimento à sua disposição, e assim ambos viviam em paz, dia após dia. Até que certa manhã a pulga sentiu um forte e agradável cheiro de lã, coisa que nunca tinha acontecido antes.

- O que é isso? - ela se perguntou. E como não sabia de onde vinha aquele aroma agradável, a pulga encheu-se de curiosidade e por isso subiu pelos fios da pelagem do Príncipe, chegou às suas pontas, e viu, então, que o cão havia adormecido com seu corpo encostado ao de uma ovelha.

- De uma pele dessas é que eu preciso - pensou a pulga - porque não só ela me parece ser bem mais macia e confortável que a do cachorro, como o pêlo que a recobre é mais espesso, e portanto, mais seguro, pois nele jamais serei alcançada pelas unhas ou dentes do animal.

E tendo chegado a essa conclusão ela tratou de mudar de casa pulando para as costas da

ovelha. Mas logo percebeu que as coisas não eram como imaginava, pois o pêlo do animal, de tão espesso, tornava extremamente difícil a caminhada. Durante algum tempo ela tratou de abrir caminho separando os fios um a um, até que conseguindo chegar à pele do seu novo hospedeiro viu-se em meio a uma pelagem que ali nascia de forma tão compacta, com fios tão juntos um do outro, que lhe era praticamente impossível fazer um furinho por onde pudesse alimentar-se.

Cansada com aquela trabalheira sem resultado a pulga, coberta de suor, engoliu a frustração que sentia e decidiu que o melhor a fazer seria retornar ao cachorro. Mas, coitada, ao sair daquele emaranhado de lã em que se metera, descobriu que o cachorro já tinha ido embora.

Moral da história: Quem troca o certo pelo duvidoso, quase sempre fica decepcionado com o resultado alcançado.


Baseado em uma fábula de Leonardo da Vinci

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