A SAPA SUZI CLARA







Além da linha do trem, onde não mora ninguém, no meio da mata onde tem um rio de águas claras, encontrei a sapa Suzi Clara esperando seu príncipe encantado, o charmoso sapo Caruru; escondido num aguapé que brota nos alagados da região amazônica.
Suzi Clara, tristonha, sentada numa vitória-régia, olhava-se na água do rio suspirando saudosa do companheiro distante. E resolveu viajar, como se estivesse no mar, naquela vitória-régia para concretizar o sonho de um dia muito amar aquele sapo fujão, que preferiu morar no fundão daquele imenso matão.
A correnteza levou Suzi Clara pelo rio de água clara, que mais parecia uma estrada de prata sob a luz do luar.
- Meu Deus! Como é belo! Quanta fartura! – pensou a sapinha olhando a natureza exuberante nas margens daquele rio. Amanheceu e Suzi Clara continuava sua viagem agradecendo a chance de sentir o perfume das flores e dos frutos; ver peixes pulando na água; as garças preguiçosas dormitando numa perna só; ouvir o canto da passarada voando contra o azul do céu; cobras apressadas saindo do capinzal; o jacaré fingindo dormir; a onça chegando sorrateira; o marulhar suave da água do rio, lembrando uma canção de ninar, correndo na direção do mar e pela abundância de insetos, seu alimento de todos os dias.
Diante dessa maravilha, Suzi Clara esqueceu o motivo da sua viagem e a tristeza desapareceu. Ouviu o coaxar de outros sapos, e resolveu aportar na margem direita para desfrutar daquela paz, daquela felicidade que pensava estar tão longe, lá nos cafundós da floresta, mas ela estava ali, bem perto dos seus olhinhos agora abertos para a realidade. Aprendeu a olhar em torno de si e descobrir os baús que Deus põe ao alcance de todos, carregadinhos de felicidade. É só abrir os olhos e saber enxergá-los.


Maria Hilda de Jesus Alão

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