Não sei se vocês ainda têm avós. Eu já não tenho. Mas a cadeira da avó está sempre lá. Uma cadeira
muito antiga, muito antiga. E eu imagino a minha avó já velhinha, sentada a
balançar para lá e para cá, a contar-me histórias fantásticas, muitas delas
fazendo parte daquele mundo maravilhoso que vocês conhecem e que ela viveu
muito bem.
A minha avó foi uma daquelas pessoas que muito gostou de mim, assim como
todos os avós gostam de nós.
Lembro-me bem da sua imagem. Os cabelos brancos, muito macios e sedosos,
pareciam floquinhos de neve! As mãos delicadas e ternas sempre sobre os meus
ombros, às vezes, pousando nos meus cabelos como pombas brancas. Eram muito
bonitas as suas mãos, com os dedos compridos. A pele já tinha rugas, coisas que
o tempo vai esculpindo com o decorrer dos anos.
Só conheci esta avó. Quando ela morreu, eu era ainda pequeno. O tempo
passa depressa. Já cresci e, às vezes, dou comigo sentado na cadeira de balanço
da minha avó, balançando para lá e para cá, recordando os anos mágicos em que
fui criança.
A cadeira é feita de madeira de carvalho, cheia de nervuras, parecem as
veias do nosso corpo! O assento é de palhinha.
Sempre que me sento na cadeira de balanço da minha avó e começo a
balançar, parece magia! O tempo vai recuando, vai recuando e tudo
se transforma: quando dou conta, estou nesse mundo fantástico que
todas as crianças bem conhecem. E esse mundo da infância, da fantasia e dessas
coisas todas é como um sonho: tem tudo o que nos encanta. Esse mundo é um nunca
acabar de histórias.
Armindo Reis
Na Cadeira Mágica da Avó
Lisboa, Plátano Editora, 2006
Na Cadeira Mágica da Avó
Lisboa, Plátano Editora, 2006
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