Era uma vez dois irmãos: um
chamado  João e o outro Juarez.
A mãe deu para cada  um
deles  um pacote de amendoim.
Juarez adorava amendoim, ainda
 mais assim, de um jeito que só a mãe  sabia fazer, torrado e
caramelado. Uma delícia!
Juarez comeu ligeirinho todo o
seu amendoim e, sem  mais nem menos, pegou o amendoim do João.
João ficou  triste e pediu
:
- Juarez , me dá  o meu
amendoim!
 - Eu não – respondeu
o  irmão. – Adoro amendoim!
João,  então, chamou o
 seu amigo de todas as horas, que estava  por ali...
- Cachorro, morde o Juarez ,que
não  quer devolver o meu pacote de amendoim!
-Eu não – disse o cão-, o
Juarez  é meu amigo também!
João, então ,  pediu à
 vassoura,  que estava  escondida  atrás da porta:
- Vassoura, bate no cachorro,
que não quer morder o Juarez , que não quer devolver  o meu  pacote
de amendoim!
- Eu não – disse a vassoura - ,
acabei de  fazer faxina ,estou cansada!
João , então , procurou 
pelo fogo, ali  no fogão e foi logo  pedindo:
-Fogo, queima a vassoura, que
não quer bater no cachorro, que não quer morder o Juarez , que não quer
devolver o meu pacote de amendoim!
- Bem que  eu gostaria
–disse o fogo -, mas não posso. Estou  muito  ocupado.
João saiu dali  
aborrecido e foi conversar com a  água de um laguinho azul que havia
ali  perto.
- Água, apaga o fogo que não
quer queimar a vassoura, que não quer bater no cachorro, que não quer morder o
Juarez , que não quer devolver  o meu pacote de  amendoim!
- Ora, não posso parar meu
trabalho – disse a água.
Sem perder  a esperança de
conseguir seu amendoim de volta, João  foi procurar o boi, que andava por
ali, pastando.
- Boi, bebe a água, que não quer
apagar o fogo, que  não quer queimar a vassoura, que não quer bater no
cachorro, que não quer morder o Juarez , que não quer devolver   o
meu  pacote de amendoim!
- Realmente não posso - 
disse o boi- , estou  muito ocupado comendo meu capim fresquinho!
João estava quase desistindo de
recuperar seu amendoim, quando encontrou  um laço de couro, recém
trançado. Já foi logo falando:
- Laço, laça o boi, que não
 quer beber a água, que não quer apagar o fogo, que não quer queimar a
vassoura, que não quer bater no cachorro, que não quer morder o Juarez, que não
 devolver  o meu pacote de amendoim!
-Ora – disse o laço- , você não
 vê  que  acabei  de ficar pronto? Quero  conhecer as
redondezas. Outro dia, quem  sabe?...
João continuou pensando: quem
poderia  ajuda-lo a recuperar seu amendoim? Então, bem perto do laço, ele
 enxergou um rato bem robusto , um ratão.
João logo foi pedindo:
- Ratão, rói o laço, que não
quer laçar o boi, que não  quer beber a água, que não quer apagar o fogo,
que não quer queimar a vassoura, que não quer bater no cachorro, que não quer
morder o Juarez, que não  devolver  o meu pacote de amendoim!
- Que pena amigo! Hoje estou com
dor de dente – disse o rato que já  foi saindo pro entre as plantas.
Estava mesmo difícil a tarefa de
João para recuperar seu amendoim.
Ele já não sabia  a
quem  recorrer quando apareceu o gato. João foi  logo pedindo:
- Gato,  pega o rato, que
não quer  roer o laço, que não quer laçar o boi, que não  quer beber
a água, que não quer apagar o fogo, que não quer queimar a vassoura, que não
quer bater no cachorro, que não quer morder o Juarez, que não
 devolver  o meu pacote de amendoim!
João  estava quase
chorando. Mesmo assim, o gato disse:
- Não  me aborreça!
Não  vê que estou  lavando meu lindo pelo?
E o gato continuou  a lamber
seu lindo pelo .
João, cansado, já ia 
desistindo do seu amendoim quando avistou  um homem que vinha
chegando  de seu trabalho.
Não teve dúvidas, pediu 
ajuda  ao homem, explicando toda a história:
- Homem, pega o gato, porque ele
não per pegar o rato, que não quer roer o laço, que não quer laçar o boi, que
não  quer beber a água, que não quer apagar o fogo, que não quer queimar a
vassoura, que não quer bater no cachorro, que não quer morder o Juarez, que não
 devolver  o meu pacote de amendoim!
O homem , ouvindo aquela
história comprida, ficou olhando para o menino, sem responder, pensando numa
maneira de ajudá-lo.
O gato, que  estava ali
perto, observando que  o homem havia parado para pensar, foi 
tratando de salvar uma das suas  “sete vidas” , dizendo:
 - Antes que o homem me
pegue, eu vou  atrás daquele rato. 
E saiu à procura do rato.
Quando  o rato viu o gato
se aproximando, pensou  logo:
- Antes que  o gato me
alcance, eu vou  roer aquele laço. E lá se foi, por entre as plantas, à
procura do laço.
O laço estava atento. Quando viu
o rato vindo em sua direção , entrou  logo em ação , dizendo:
- Antes que  o  rato
me roa, eu laço o boi.
O boi  pastava
tranquilamente no campo, quando  viu o laço  correndo em sua direção.
Tratou de fugir , enquanto  tomava uma séria  decisão:
- Antes  que o laço me
enlace, eu bebo aquela água!
Quando  a água
percebeu  as intenções  do boi, jogou-se  em direção  ao
fogo dizendo:
- Antes   que o
boi  me beba, eu apago  o fogo!
O fogo, que  exibia 
suas labaredas amarelas e vermelhas, ficou  branco de medo da água que
se  aproximava e disse:
- Antes  que a água me
apague, eu  queimo aquela vassoura!
As labaredas do fogo
estavam  quase pegando a vassoura, quando ela deu  um pulo e disse:
- Eu não! Antes  que o fogo
me  queime, eu bato neste cachorro! E já  ia caindo  nas costas
do cão , quando  este gritou:
- Au ! Au! Au! Antes  que a
vassoura me bata, eu mordo o Juarez.
 Juarez, que  estava
por ali. Como quem não queria  nada, quando   viu o cachorro se
aproximando com a cara  de poucos amigos,  pensou  logo:
“Antes que  você me morda,
amigão, eu devolvo  o amendoim  do João.”
- João! João! Olha aqui,
pega  teu pacote de amendoim!
Autoras:
 Gladis  Maria Ferrão Barcelos  e Carolina Manfro de Oliveira
 

 
 
 
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